Os artigos de Pacheco Pereira (PP) costumam ser longos, ocupando quase sempre toda uma página do Público. Porém, no passado sábado, 16, o historiador precisou apenas de meia página para dizer o que precisava e com toda a relevância! A outra metade foj preenchida com uma foto ilustrativa da euforia nacional com o novo título europeu de futebol, palavra que Pacheco Pereira repetiu pelo menos 46 vezes. A sua (e a nossa) memória ficou «atafulhada de bola» durante cerca de um mês que durou o Euro 2016. Para além da repetição da palavra «futebol», PP deixou espaços em branco elucidativos de uma memoria cada vez mais reduzida («tenho cada vez menos memoria (…) devo estar doente. O meu cerebro está cada vez mais pequeno. Pequenino»).
Mas o que mais me intrigou foi a última frase: « Coloquem flores na campa de Algernon».
Para mim está aqui todo o interesse desta crónica de PP: despertar-me o interesse em descobrir esse Algernon e o porquê das flores na sua campa.
Um olhar mais atento conduziu-me ao excerto do livro de ficção científica Flores para Algernon (1959) de Daniel Keyes, que PP coloca como introdução à sua crónica.
Numa rápida pesquisa na internet venho a saber que Algernon é um rato de laboratório! PP talvez se compare a Charlie Gordon , também protagonista da história que vê o seu QI aumentar de 68 depois de uma operação tal como havia sido feito ao ratinho. No final do livro , Charlie , desesperado, porque vê no rato a regressão que mais tarde ele mesmo virá a sofrer, pede que levem flores a Algernon.
Estaremos mesmo a ficar com o cerébro pequenino como o de Algernon ou é apenas ficção científica? Teremos que ter cuidado com o que lemos e vemos. Caso contrário, as notícias não serão «para lembrar» mas «para entreter, para distrair, para passar o tempo.»
Uma boa crónica que não vou esquecer e que deixa uma excelente sugestão de leitura !
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