Sempre que chegamos aos meses quentes do ano, em que alguns vão de
férias e nelas andam 9 meses a pensar, tempo de gestação suficiente, lá vêm
eles, os guerreiros do asfalto, manifestarem a sua indignação pelo
pagamento de portagens em estradas e pontes de luxo. Sabendo-se que mais de
metade dos portugueses não têm condições sequer para sair de casa, os restantes
carregam as bagagens, assentam as bicicletas no tejadilho, pranchas de surf,
atrelam os barcos e as motos de água, e lá vão eles nos seus belos automóveis
com o pé no acelerador até ao destino programado e marcado com tempo. Mas
contudo acham que não devem pagar as portagens. Enquanto reclamam pela sua
extinção neste período de férias, os que ficam presos à terra e enterrados nas
suas dificuldades, carregam a enxada, pegam no tractor, roçam o mato e tratam
de a cuidar e preparar as culturas e as vindimas. Nestes o suor pinga e é preto
e a bucha é dura. Os outros que se lançam na aventura e no gozo e fixam à pele
o bronze ideal, e se preparam para a mesa com nota artística, suam mas de
prazer entre o biquini amarelo ou florido, e a santola cozinhada. Os que ficam
enrubescem ao sol e de raiva pela conta que lhes há de aparecer, sem que tenham
tirado benefício algum do abaixamento do pagamento das passagens dos bólides
pelas autoestradas num engarrafado movimento, para cima e para baixo, mais cedo
ou mais tarde. Ora se os que partem de férias têm "graveto" que
chegue para hotel, casa de férias, lagostins, recuerdos, e outros
prazeres animados, por que razão não hão de pagar as portagens nas estradas por
onde rolam, e querem é que a conta seja dividida e apresentada depois a todos
os 11 milhões(!) de portugueses? É
sabido que quem agora tira depois exigirá a reposição das verbas no Orçamento
fragilizado da Nação rapada, caso o Governo ceda à pretensão dos veraneantes e
em turismo pelas praias, hotéis, resort´s, bungalow´s, esplanadas frescas, a
chuparem pela palhinha à sombra da bananeira, mas à pala do zé que fica na
barraca, debaixo da ramada, ou no banco do jardim junto à casa ou do coreto, e
que será chamado a equilibrar as finanças, mal acabe a saison y las
vacaciones. Admira no meio disto tudo, que as reivindicações destes
abonados viajantes, não exijam também o depósito atestado do carro para se
porem ao fresco, recarregarem baterias, e comparticipado por todos nós.
São pouco ambiciosos no que pedem ao Governo. Desejamos que hajam cada vez mais
pessoas e famílias a poderem viajar e gozar os prazeres da vida. Mas como em
tudo, quem tiver dinheiro que pague os luxos, e a mais não será obrigado...
futuramente. Nem os outros. Ou só há crise e dores de cabeça para alguns?
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