Assusta muito a linha ténue e frágil por onde o homem caminha,
em risco permanente de cair. Na bestialidade, na ignomínia, na hipocrisia, o
léxico mais falsificado que ele usa para
enganar os outros, enganando-se a si.
A diplomacia do mundo político é a história dos concílios das não-verdades,
das cimeiras das decisões cobardes, das resoluções com textos inflamados mas de
implementação inexistente.
Onde está o pior mal: no deixar morrer à fome uma criança, no
violar a sua mãe e as suas irmãs, no negar a ajuda humanitária?
Ou estará dentro de aqueles que em meias de seda e gravatas
conformes, se arrastam nos corredores, confortados de uma consciência em paz
porque assinaram uma declaração conjunta de repúdio a esses actos bárbaros,
sabendo que a importância disso é pouco mais do que o zero do impacto mediático
efémero das declarações bem redigidas?
E dormem nessa e em todas as noites descansados, depois de
beijarem os filhos na testa.
De um momento para o outro cai por terra uma civilização
inteira, o progresso, a tecnologia, o saber.
A nossa pulsão para o bem e para o mal, é a nossa condição
humana. Aleppo é o nosso espelho.
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