RANKINGS & QUADROS DE HONRA?
Na minha instrução primária (1954-1958), quem errava apanhava umas reguadas. E de reguada em reguada, lá se foi forjando uma classe de bons alunos. Era bonito, seria boa pedagogia? Óbvio que não era, os tempos também eram bem outros. Em sessenta anos o que se progrediu então? "Melhorou-se" tanto a pedagogia das crianças e adolescentes, que se passou a falar do stress nas crianças provocado já não por reguadas mas pela simples existência de quadros de honra, em que os melhores alunos são distinguidos pela Escola. Criticam a "tirania da exepcionalidade", ou dito por outras palavras, privilegiam a tese da mediania, da igualdade nos resultados. Então eu pergunto, e que fazer quando uma criança, sem recurso a reguadas ou a outras formas de pressão mais sofisticadas, quer ser não apenas bom estudante, mas ser o melhor de todos, como fazer? Deveremos dizer-lhe que não vale a pena, que relaxe e goze a vida, que vá para o cinema em vez de estudar? É isso que os pedagogos e pais da esquerda bem pensante acham que é bom para as crianças? Então porque será que em relação a um distinto português, chamado António Guterres, no apogeu da sua longa vida profissional e política, entenderam adequado lembrar agora que foi o melhor aluno do Instituto Superior Técnico, onde concluiu a sua licenciatura com 19 valores? Será por ser um homem de esquerda, ou seja, a crítica aos quadros de honra só se aplica aos que são de direita e nele figuram? Sobre os rankings das escolas e do excelente trabalho que há 16 anos o jornal Público vem fazendo, também os bem pensantes de esquerda querem destruí-lo, com argumentos semelhantes. Óbvio que um primeiro lugar num ranking não quer significar que essa escola seja a melhor de todas, sobre todos os aspectos educativos, mas lá que fornece algumas pistas muito importantes a pais e educadores, é um facto indesmentível, por muito que os seus detractores estejam interessados em preferir uma política de mediania e mediocridade.
Entre a "excelência" e a "mediania" prefiro a última, mormente se a primeira é obtida à custa de tanto viés educacional. Homens e mulheres não se formam à criando-lhes valores que distorcem a relação deles com os outros... medianos. E consigo mesmos. Remeto-o para o artigo -Jovens confiantes e competentes têm menos valores e consciência social- aparecido no PÚBLICO de hoje (19/Dez.) e escrito por Natália Faria. Menos rankings e mais consciência crítica, social e até... mais "felicidade"!
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