Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
PROFETA
Profeta. Agora sou profeta. Assim vem no Jornal de Notícias. Até já me publicam os meus textos místicos. Enquanto isso a miúda ginga. Profeta sim, santo não. Apesar das influências, há algo algo de original na minha literatura. Canto os pássaros, canto as mulheres, canto as tabernas. Bem sei que a grande maioria das mulheres se interessam tanto pelo ouro como pelo amor. Bem sei que só durante uns dias tenho plenos poderes. No entanto, agora sou o tal profeta, o poeta maldito que brada e bebe. Será injusto não me reconhecerem. Se bem que eu continue a provocar mais e mais. A puxar a corda. A apontar a dedo os vendilhões imbecis, como hoje no JN. Não, não são esses os meus medos. Os meus medos são interiores. São demónios, fantasmas que vêm de dentro e ainda um pouco das forças da educação, da sociedade, dos media, mas cada vez menos. Aliás, nestes dias cada vez me sinto mais solto. Sobretudo entre as mulheres. Amo-te, ó eternidade! Bebo o vinho do eterno regresso. Sou amável com a Fêmea Eterna. Recebi uma boa educação mas aprendi a linguagem dos bares, da rua, da vida. Tornei-me um dos malditos. Estou a deixar a minha marca no mundo. Eu, António Pedro Ribeiro, o profeta. O homem que bebe no café da Vera. O narciso. O grande louco. Hoje serei o sr. escritor. Hoje darei dinheiro à Vera. As mulheres ligam muito ao dinheiro, salvo raras excepções. Em contrapartida, são capazes de te dar o grande amor. Eu, como já tenho dito, não vim para este mundo de notas e moedas, sou como Sócrates e Jesus. Prefiro que me dêem alimento e morada. De qualquer modo, quando tenho dinheiro facilmente o gasto em dois tempos. Sou do dispêndio, da consumação. Detesto é este espectáculo de ver uns a atropelarem-se uns aos outros, detesto esta tremenda sofreguidão. Amo o sorriso ainda inocente da menina. Amo tudo quanto quanto é puro, livre, coração. Haverá talvez presentemente quem escreva melhor do que eu mas duvido que esse alguém tenha em si a verdade, a virtude e a paixão que neste momento me movem. Ah, como sois ridículos, ó comentaristas, ó futeboleiros, ó politiqueiros, como pertenceis à ralé. Tudo o que o dizeis já eu sabia antes de nascer. De resto, só me fazeis mal à cabeça. De resto, antes beber. De resto, mil vezes a mulher.
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