segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A MISERICÓRDIA DOS MERCADOS

Nós vivemos da misericórdia dos mercados
Não fazemos falta
O capital regula-se a si próprio e as leis
são meras consequências dessa regulação,
tão sublime que alguns vêem nela o dedo de Deus.
Enganam-se.
Os mercados são simultaneamente o criador e a própria criação.
Nós é que não fazemos falta.

      Poema de Luís Filipe Castro Mendes em " A MISERICÓRDIA DOS MERCADOS", Assírio e Alvim (Porto Editora), 2014.

10 comentários:

  1. Há um artigo, hoje publicado neste blogue, intitulado "Somos estúpidos ou atrasados mentais", que se adequa a este poema do actual ministro da Cultura, poema que, por mais esforço que eu faça, não consigo encontrar qualquer sentido ou norma poética, pois nada mais é que uma amálgama de palavras com pretensão a criação artística e intelectual. Possivelmente o erro é meu, por não atingir tão enigmática mensagem.

    ResponderEliminar
  2. Da estrutura poética não falo porque não tenho capacidade para isso. Que o poema ( ou não) tem mensagem e até nem a acho nada enigmática, isso tenho-o como óbvio para mim.

    ResponderEliminar
  3. Caro Amigo Fernando Rodrigues - Com certeza que eu não empreguei o vocábulo correcto para definir este amontoado de palavras, porque seria mais adequado designá-lo por confuso em vez de enigmático. Como o dito "poema" se constrói na confusão, à primeira vista, parece-nos que tem mensagem. O que quer dizer " Nós vivemos da misericórdia dos mercados. Não fazemos falta" e "Os mercados são simultaneamente o criador e a própria criação. Nós é que não fazemos falta." ? A mim, cuja formação académica e exercício profissional foram também na área da literatura, não classificaria este escrito como poesia. Contudo, posso estar errado, porque não haverá perfeição suficiente em muitas das análises que faço.

    ResponderEliminar
  4. Joaquim,volto a dizer que não discuto consigo estrutura poética porque não tenho conhecimentos para isso. Mas que o poema (ou não) em causa também não é confuso na mensagem ( que a tem), até aí ainda consigo chegar.
    Já agora, em relação ao que disse no seu primeiro comentário, porque é que o texto "somos estou estúpidos ou atrasados mentais?" do Manuel Alentejano ( Martins, para o PÚBLICO) se adequa (sic) com o "poema" (concedo) do L.F. Castro Mendes? Confesso que não percebi, pois não vejo qualquer relação entre um e outro.

    ResponderEliminar
  5. Meu caro Amigo Fernando Rodrigues - O senhor é um lutador, um homem culto e um cidadão responsável, a quem não se pode atribuir um percurso de vida, como à maioria dos seres humanos, apenas "nasceu, viveu e morreu". Tem toda a capacidade de apreciar os escritos em função do seu percurso de vida, dado que o homem é ele e as suas circunstâncias, e a sua posição em relação ao dito poema do ministro é correcta. Eu, pelos mesmos motivos, mas diferentes, tenho uma leitura diferente. No final, temos as nossas razões e, em última instância, podemos ambos estar a ser correctos, embora em campos diferentes. Quanto ao artigo do Dr. Manuel Martins, eu apenas me servi do título, nada mais. Um abraço fraterno e mande sempre.

    ResponderEliminar
  6. Joaquim, mas o título é pouco... mas entendo, foi uma "muleta". Quanto ao resto do que disse, estou de acordo, e tenho a pretensão de achar que "nos entendemos muito bem". Mande sempre também!

    ResponderEliminar
  7. Deste meu modesto cantinho de escriba ocasional, um abraço especial ao Joaquim, meu companheiro de alguns debates vivos e interessantes, embora do mesmo lado do rio que separa hoje os portugueses. Ao Fernando, que presumo estar na outra margem, um abarço também por ser uma pessoa educada, que tem seriedade intelectual, o que eu respeito e considero essencial para participar em qualquer discussão. Sobre o "poema" acima, não discuto a rima, mas sobre a substância não concordo. Eu sou pelos mercados, mas com regulação do Estado. Por isso embora comungue muitos lemas dos chamados liberais, não me posso considerar um liberal completo.

    ResponderEliminar
  8. A poesia, como muitas outras coisas, não é, infelizmente, o meu forte. Ainda assim, não resisto à tentação de transcrever um texto de O'Neill:
    "... e com a fome ninguém se meta!,
    disse o barqueiro aproando ao peixe
    que, sobre brasas, virado, revirado,
    da margem o tocava para almoçar."
    Isto não é poesia?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É poesia e corresponde a um determinado período que teve o seu apogeu. O tempo passa e as novas correntes literárias exigem criatividade e não seguidismo. Alexandre O´Neil era e é um poeta, porque atingiu um espaço elevado na literatura. Ao actual ministro da Cultura, se se quiser considerá-lo poeta com algum mérito, exige-se muito mais. Este tipo de versos em 2014, (ano da edição do livro), na minha opinião, são arremedos de poesia e está um pouco requentado. A um ministro da cultura, que se apresenta como poeta, exige-se mais.

      Eliminar
  9. Pensei que já não vinha mais a "este debate" mas o Manuel "obrigou-me". Pois é, mas quando os mercados se deixam regular? Tenho para mim que ( como disse o poeta) eles são... "o criador e a criação"! E mais, "vigiam bem, por dentro, a "obra" que fizeram". Vou mais longe, o grande golpe na social-democracia foi dado por alguns sociais democratas de "pacotilha" (como Blair e outros) ao aceitarem os mercados sem restrições e assim introduzirem o "cavalo de Troia" no pensamento e obra de tantos ilustres e coerentes como Olof Palme. Divaguei? Se calhar nem tanto pois quando me falam de mercados regulados lembro-me imediatamente de.... social-democracia. Que está, infelizmente ( olhem bem para o acrónimo do PSD pátrio...), pelas ruas da amargura.

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.