terça-feira, 20 de março de 2018

A SOCIEDADE DO LIXO E DAS CADELAS DE LUXO

Temos, como Auguste Blanqui, o grande revolucionário e agitador do séc. XIX, a convicção de que a sociedade actual não tem remédio e repudiamo-la por completo. Blanqui acreditava mesmo na purificação da sociedade uma vez que a vanguarda dos autênticos e dedicados revolucionários tomasse o poder. Não temos essa fé revolucionária. Contudo, entendemos, tal como Fourier, que, de uma maneira geral, o homem nasce nobre e bom. São as instituições da sociedade e o mercado que o corrompem. Desde cedo que lhe são inculcadas ideias e regras que lhe atrofiam a liberdade, o amor, a comunhão, o desenvolvimento das capacidades, os movimentos. São a castração e a alienação capitalistas. Os jovens ou ficam doentes ou amorfos ou se tornam egoístas, competitivos, ambiciosos, gananciosos ou avarentos. Só alguns fogem dos trilhos. E esses terão muitos problemas. A sociedade mercantil é absolutamente asquerosa. Com as suas mulheres de sonho, com as suas cadelas de luxo que aparecem nos ecrãs e não podemos tocar, com essas vedetas da sociedade-espectáculo que vivem por nós as nossas vidas, com o lixo e a podridão das notícias cozinhadas, misturadas e manipuladas, com o atraso mental e a devassa da privacidade que os programas da tarde e os "reality-shows" nos oferecem, com as putas da política que se vendem a toda a hora, com os cães do dinheiro e do lucro a acumular, a explorar e a controlar, com a diarreia dos comentaristas da bola, da corte e do sistema, com a corrida feroz e imbecil do dia-a-dia, com o vazio das conversas, com a sucessão de imagens esquizofrénicas, com o mundo dos robôs, da internet, dos smartphones, do isolamento e da alta tecnologia, uma sociedade onde o amor, o livre pensamento e a poesia são cada vez mais atirados ao lixo.

3 comentários:

  1. Às vezes pode parecer que, para discutir um assunto, o que dizemos contem a antítese de pensamento do outro. Não é o (meu) caso. A minha discordância está, por exemplo, em coisas de base como "o homem nasce nobre e bom"(sic). Para mim "o ser humano nasce totipotente". O "bom selvagem " de Rousseau é uma... utopia. O A. Pedro Ribeiro, logo de seguida, "filtra" e refere somente as culpas de uma parte da humanidade (sim!). E o resto dela? Os comunistas, os anarquistas e por aí fora? Voltando ao meu início, sublinho consigo o mercantilismo rapace e tantas outras coisas mas.... não me ponho de fora deste todo que somos todos (perdoe-me a cacafonia) e desato a fazer "prescrições". Mas... somos diferentes, não é?

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  2. meu caro Fernando, entendo o seu ponto de vista, mas mantenho o meu. Grande abraço.

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  3. meu caro Fernando, entendo o seu ponto de vista, mas mantenho o meu. Grande abraço.

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