segunda-feira, 19 de março de 2018

NADA ACIMA DE MIM

Vou até à cidade. Debato. Discuto. Bebo copos. Acabo por marcar bem as minhas posições. Aderir ao PCP? Nem pensar! Nenhum Comité Central, nenhum Jerónimo, nenhum deus acima de mim! O partido que me deu mais relevância ainda foi o MRPP, apesar de tudo. De resto, era ultrapassado por gajos que não tinham metade da minha inteligência ou da minha cultura. Arrivistas, dirigistas, carreiristas. Bebo uns copos, e depois? Marx também bebia. Já disse: não sou um militante alinhado. Sou um homem livre, porra! Digo o que quero. Escrevo o que quero. Berro o que quero. "Estou lúcido, merda, estou lúcido". Como Álvaro de Campos. As raparigas riem. Não há aqui o automatismo do "Pipa Velha". Vida desgraçada a das empregadas em noite de enchente. Linha de montagem autêntica. Ontem a conversa com o Bruno. O roubo comum. As bebedeiras. Já não tenho 35 anos. Bebo amiúde água das pedras no intervalo das cervejas. Em Vila do Conde apanhei um susto. Vinha da glória do concerto de Braga. Julgava que o mundo era meu, que tudo era dar e receber. Caí no bar. Depois apanhei com uns bandidos. Agora, de vez em quando, apanho com uns chatos e uns atrofiados. Mais vale estar só.

3 comentários:

  1. Permita-me que lhe diga que, para ser realmente livre, precisa livrar-se da bebida. É que sem saúde pouco ou nada poderá fazer, e é mesmo uma pena!

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  2. agradeço o conselho mas não será necessariamente assim...aliás, com ou sem bebida, já tenho feito muito!

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  3. aliás, dispenso a piedade e os moralismos...

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