JORNAL DE NOTÍCIAS (Cartas), 19-março-2018
HERMANOS, HERMANOS, NEGÓCIOS À PARTE
Pomposos e sorridentes. Politicamente corretos. Rajoy e Costa ( 5 de março de 2018).Felizes com os resultados. Amigos que tudo discutem.
Ou não. Há sempre algo que fica de fora. Porque não é oportuno. Porque "o outro" é demasiado poderoso para lhe recordar que tem de respeitar o Direito Internacional....que aliás invoca quando lhe convém! Ainda que, pelas regas em vigor, o Direito Internacional obrigue todas as nações por igual, independentemente do seu tamanho. Mas isso pouco importante. Ainda que, se "o outro", o poderoso, ficar do outro lado do mundo...ali para o norte da Austrália, seja de destacar esse tacto. Timor, quem se lembra?
Tempos houve em que as situações internas de cada um desaconselhavam levantar problemas. Porque seria desastabilizador. Por outro lado, se estava numa fase de relações tensas, não convinha piorar as coisas. Mas, se ocorria o contrário (boas relações), então não convinha fazer nada que pudesse pôr em causa uma boa amizade.
Hipocrisia. Para se avançar com uma barragem, lá se pressionava o vizinho com um detalhe. Para garantir a posse das águas dum rio. E assim se avançou com o Alqueva, e se gere o empreendimento. Sempre muito, mas muito discretamente mesmo. Ao ponto de ser quase desconhecido da opinião pública.
Pois... parece que nunca é oportuno. E o tempo passou. E passa. E Olivença é omitida. Sempre. Pelos mais díspares motivos. Por todos os já referidos, ou por outros. Inventem-se, se necessário. Que seja por causa da chuva, da seca, duma quadra festiva. Mas não se façam perguntas sobre soberania. Ignorando-se uma contenda que existe. Mas que se finge que não.
Claro que desejar que entre Portugal e Espanha tudo corra bem, é algo que obriga quase todos. Os encontros bilaterais e as Cimeiras são, por isso, bem vindas! Mas deseja-se que haja discussões abertas e sem "tabus"! Uma boa relação entre Estados pressupõe a disponibilidade de tudo, mas mesmo tudo, se discutir, falar, e procurar solucionar! Caso contrário, uma cimeira é uma feira de vaidades, ou uma cerimónia formal de boa educação. Não é a demonstração duma amizade sincera ou, pelo menos, profunda e sem complexos!
A ferrovia Elvas-Olivença vai obrigar a conversações transfronteiriças e raianas. Gostava de ter visto alguém perguntar, nesta Cimeira como em outras, aos dirigentes políticos em presença como se vai processar a colaboração transfronteiriça no troço do Guadiana defronte de Olivença! O que responderiam os responsáveis portugueses... pelo menos, estes! Já nem falo dos espanhóis!
Venha uma amizade sem preconceitos, quanto antes!
Estremoz, 05 de março de 2018
Carlos Eduardo da Cruz Luna
Carlos Eduardo da Cruz Luna
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