Quem diz seguir
o que acima está epigrafado, para mim, é o expoente máximo e mais bacoco do
comportamento social de uma nação que se quer cada vez mais empreendedora e
competitiva.
Mas, foi o que
fizemos a partir dos anos 80 do século XX, quando entramos para a CEE –
Comunidade Económica Europeia, hoje UE – União Europeia.
Com tanta efervescência,
própria de um estado de embriaguez identitária, concentramos quase tudo em
Lisboa e no Porto, abandonando o resto do território.
Assim, tal como
mosquitos, atraídos pela luz cega da modernidade, abandonámos os campos, as
indústrias, as pescas, os nossos saberes e sabores mais genuínos e
concentramo-nos nas cidades.
Então, despedimos
os artesãos do nosso Portugal laboral, enquanto os mestres alfaiates foram
trocados pelo pronto-a-vestir das marcas estrangeiras, pois, diziam: só o que
era de fora é que era bom.
As calças Levis
não eram as nossas Miuras; os ténis Nike e Adidas não eram a nossa marca Sanjo;
o refrigerante Seven Up não era a ‘mistela’ do nosso Pirolito.
Criámos um
falso imaginário de progresso, travestido num misto de modernidade urbana, onde
tudo que fosse português era coisa de gente pobre.
Por isso,
acabamos com as mercearias de bairro e locais e tudo foi trocado pelas
catedrais de consumo, numa visão urbano-pedantesca, transformando o mundo rural
em lixeiras da nossa identidade colectiva.
Por tudo que
foi dito, difícil será inverter ou conter sequer a incomportável dívida pública,
a qual se aproxima cada vez mais do abismo.
Se não vivermos
com o que produzimos e que de bom temos, estamos ‘feitos ao bife’, isto é, vai
tudo ‘pró maneta’, como nas invasões francesas.
José Amaral
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