Apenas escroques, uns e outros!...
Nunca me passou pela cabeça emigrar, mas sou capaz de
perceber as dificuldades de toda a ordem por que passam os que procuram ganhar
a vida em terra estranha; mas nunca consegui perceber, por mais perversa que
possa ser a natureza humana, que alguns dos que sofreram as agruras da
exploração se transformassem, se o acaso lhes permitisse, em crueis
exploradores dos seus próprios compatriotas, como muitos casos tristes o vieram
a comprovar ao longo dos séculos e ainda hoje se verificam com gente muito
pobre e pouco instruída, agora levada daqui para explorações agrícolas em
França e Espanha, com promessas de ganhos que nunca se cumprem.
Somos há séculos um país de emigrantes, que agora também
recorre a mão-de-obra estrangeira para as tarefas que já poucos por cá aceitam; e é tal a desregulação nesta matéria
que permitimos a traficantes do pior a exploração infra-humana das necessidades
que imigrantes oriundos de países muito pobres têm de recorrer à nossa oferta
de trabalho.
Vêm para cá de forma ilegal, sem qualquer contrato nem
garantias nenhumas de protecção, por serem extracomunitários, para trabalhos em
regime de escravatura, alojados em caixotes pelos quais ainda são obrigados a
pagar elevadas quantias, sem o menor conforto nem higiene; o que os patrões
pagam, mesmo que fosse o que merecem, nunca lhes é entregue directamente, indo
parar às mãos dos traficantes, que lhes dão o que querem, ou não lhes dão mesmo
nada, como agora relata o JN, em mais um dos muitos casos que só nos deviam
envergonhar.
Um desses escroques que traficam na imigração ilegal e vivia
à custa do trabalho duro dos pobres imigrantes, a quem recusava entregar o que
lhes era devido, perante a revolta destes recorreu aos amigos que tinha numa
força policial que, em vez de se certificar das razões de quem protestava, e entregar
o caso nas esferas competentes, tomaram o partido do patife e desataram a
espancar aqueles que deviam proteger!...
Provavelmente serão julgados mas, se chegarem a ser
condenados, as “penas” de brincadeira que costumam ser aplicadas não os inibirão
de continuar o lucrativo e criminoso esquema, porque não há no país um programa
decente para acolher estes estrangeiros, dos quais a economia bem precisa...
Amândio G. Martins
Como já disse, ontem, ao José Valdigem, percebo perfeitamente o que ambos dizem, mas não deixo de pensar, também, que esses escroques estão detidos e a ser ouvidos pela JUSTIÇA. Ou seja, o Estado de Direito está a funcionar. Bem ou mal, vamos a ver. Quanto ao programa de acolhimento, totalmente de acordo. Que me parece que até já há, no papel...
ResponderEliminarA verdade é que não se conhece nada que evite a exploração destes trabalhadores deslocados para longe das suas terras; o que se sabe do SEF é que vai ao encontro deles para lhes dizer que estão ilegais e expulsá-los, sabendo que estão a trabalhar no duro, não a cometer crimes; o que deveria acontecer era acompanhá-los desde o início, para verificar se estão a ser explorados, quanto tempo vão cá ficar, que contrato de trabalho é que os protege da bandidagem...
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