quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Fazem-nos crer que escolhemos...

 

FOGE CÃO QUE TE FAZEM BARÃO

 

Qualquer pode chegar a presidente

De governo ou desta república

Se a falsa propaganda o catapulta

Valorando o que nada é evidente.

 

Também já nada é surpreendente

Quanto é ruim por cá se replica

Enganam sem pudor a gente aflita

Jurando um trabalho mais competente...

 

Diz-se que temos o que merecemos

Por votarmos em quem mal conhecemos

Só porque nos juram ter qualidade;

 

Num sistema montado para isso

Levam um porco e dão um chouriço

Gozam da nossa ingenuidade...

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

De milagres está o inferno cheio

Não é este o texto que eu gostaria de escrever. Nos tempos que correm, olho para o mundo e sinto-o tão irresponsável e criminoso como nunca. Como escreveu Pacheco Pereira aqui no PÚBLICO, em 04.11.2023, “de pouco valem as palavras”, pelo que “a tentação de ficar calado é grande”. Não basta já de guerras e dos seus mandantes? Preferiria espraiar-me sobre a afirmação de Paul Krugman de que “Portugal é uma espécie de milagre económico”. O problema é que se o Prémio Nobel só compreende a nossa realidade económica com recurso à mistificação sobrenatural, eu não vejo onde é que está o “milagre”. Admito que lhe era impossível conhecer o artigo da jornalista Patrícia Carvalho, que nos divulgou, na edição do passado dia 28 do PÚBLICO, o “Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, 2018-2023”, do Instituto Nacional de Estatística. Se o conhecesse, Krugman, inteirando-se de que “a taxa de risco de pobreza em Portugal voltou a subir”, “o peso das transferências do Estado desceu”, e as “desigualdades aumentaram”, talvez compreendesse, à luz da ciência terrena, com que “boas intenções” se conseguem os resultados que tanto o impressionaram. Para não sair do panorama devoto, oxalá todos os “santinhos” nos livrem da areia que prestidigitadores como Milei e Wilders eficazmente lançaram para os olhos dos seus eleitores. É que também temos por cá “mágicos” desses, mas os objectivos deles só são compatíveis com o agravamento dos problemas que se comprometem a resolver. Público - 30.11.2023

terça-feira, 28 de novembro de 2023

ACTUALIDADE...

 


Ainda podemos acrescentar a bagunçada com o anunciado aumento das pensões...

O medo cria a marginalidade que cria o ódio que cria a revolta

JN 27.11.2023 O temor sempre presente relativamente àquilo que é diferente e a vontade obstinada de não integrar, antes isolando , estão a criar uma Europa xenófoba racista, populista. O medo do Islão, dos árabes, dos muçulmanos, tudo isto está a fazer com que a Europa se feche em concha , se encerre sobre si mesma, depois de ter sido colonizadora. O medo, hoje, é de ser colonizada pela religião , potencialmente pelo Islamismo, pelo diferente, por pessoas doutros Continentes mas que estão a fazer cá os trabalhos que os europeus, recusam fazer. Criar guetos para os “diferentes” faz criar excluídos que se auto-aglomeram e se isolam, e ganham força. E os tais “diferentes” estão cá, embora obrigados a viver em submundos, que podem ganhar força incontrolável e tornar-se , de facto, perigosos. E aí já será tarde para mudar de percurso. Assim, hoje, temos a Europa com imigrantes, diferentes de nós, na Religião, nas origens, na cor da pele e que são isolados, mas fortecidos, e enfurecidos-- como está visto ,este pavor aos islâmicos, aos africanos e a muitos outros, faz crescer em força os partidos de extrema-direita, o xenofobia, os totalitarismo, erc…...erc. Ou seja, nada de bom parece vir aí A. K. MAGALHÃES

Urgente contrariar os brutamontes de Israel

 

Como toda a gente que preza a dignidade humana e os valores humanitários, também Pedro Sánchez condenou o sanguinário Hamas pelo que fez em Israel naquele fatídico dia; todavia, tal como outra gente de relevo mundial, conhecedora das barbaridades que os palestinianos há tanto tempo vêm sofrendo por parte de Israel, deixou claro que os cidadãos da Palestina têm direito a manter-se em segurança na terra que lhes legaram os seus antepassados, não podendo ficar eternamente sujeitos às arbitrariedades do seu prepotente vizinho.

 

Como já tinha feito com Guterres, o grotesco governo israelita acusou o chefe do governo espanhol de conivência com os terroristas, atitude que a Direita espanhola dita moderada tem secundado, defendendo a “consagrada” hipocrisia nestas situações, e atacando a correcta tomada de posição de Sánchez em defesa da dignidade do povo da Palestina, dizendo que ninguém pode ir convidado à casa de um amigo para aí o insultar, como Sánchez fez da forma mais irresponsável, ao que o líder socialista replicou, num encontro com apoiantes, que o que disse na Palestina e no Egipto, nada tem a ver com ideologia, mas com humanidade...

 

Amândio G. Martins

Fartos de alternância, exigimos alternativas

Há anos demais, que os executivos em Portugal têm sido protagonizados pelo PS e PSD. Para os ditos de baixo o resultado está à vista: um vasto conjunto de iniquidades, grande parte delas, em nome das actuais e estafadas «contas certas», em prejuízo da melhoria das condições de vida da esmagadora maioria dos portugueses. Perfila-se, para as eleições que aí vêm, com os partidos do sistema a apelarem ao voto, só se lembrando de nós quando querem que os caucionemos, dizia que, as eleições, vão ser duras, agressivas, mal-dizentes e poucochinho construtivas... a alternância é mais do mesmo, mudam os nomes, mas as políticas não respondem aos marginalizados de sempre. Aqueles partidos, campeões da corrupção em Portugal, podem prometer sol na eira e chuva no nabal, que o nível de abstenção será o vencedor eleitoral. Se, no aparelho partidário do PS, dos três candidatos a secretário-geral, na prática, só dois é que podem lá chegar. Um, José Luís Carneiro, é tão socialista, que a sua filiação política mais bem inscrita seria no PSD(!). Aliás, disse-o, que seria muleta do PSD... caso este precisasse de viabilização para formar governo. O outro, Pedro Nuno Santos, com uma nódoa inqualificável pela trapalhada da TAP, e não só... não tem credibilidade. Estamos mal entregues a figurões sem categoria. O PSD, competente defensor dum capitalismo que gera pobreza, indigência e darwinismo social, tem no seu presidente, Luís Montenegro, um mãos largas... disse no congresso que iria contemplar pensões mínimas, com ganhos equiparados ao salário mínimo nacional. Seriam atingidos 2 milhões de pobres. Quando a esmola é farta, o pobre desconfia.... Afinal, deu o dito por não dito! Agora, é só para pouco mais do que 5% daquele número, sendo só para paupérrimos com complemento solidário para idosos... o descrédito é total! O PSD não conseguirá governar sozinho, precisará do partido anticonstitucional e de extrema-direita, Chega, e cá, adoptará aliança semelhante verificada nos Açores. Se PS e PSD não são farinha do mesmo saco imitam muito bem em bastas situações.

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Indigência

 

A gente que tem governado o país nos últimos anos cometeu erros, mas não ignora que os cometeu, sabendo que, em grande parte por eles, não conseguiu cumprir o mandato para o que tinha todas as condições; todavia, o saldo que deixa é largamente positivo, o que até  permite ao putativo candidato a primeiro-ministro a promessa de gordos aumentos nas pensões e aproximar as mínimas dos mil euros, trocando o estafado discurso da bancarrota e deixando subliminarmente claro, porque nunca o explicitaria, um grande elogio à governação prestes a saír, que até lhe permite o luxo de poder oferecer “bacalhau a pataco”.

 

Não se pode esconder que há muita coisa que não está bem, mas ponho-me a pensar como estaríamos e no que diria essa gente que agora chama lixo a tudo o que foi feito, se tivesse governado na situação dos que agora saem, tendo atravessado uma pandemia que durou mais de dois anos e uma guerra que vai entrar no terceiro ano de destruição de um povo inteiro e com duros reflexos no nosso continente.

 

Do que li no JN acerca do que foi dito pelo líder e por altas figuras do partido inebriado pelo cheiro a poder, a que nem faltou a relíquia da velha múmia, aflige-me o baixíssimo nível de quem lidera aquele grémio, incapaz de dizer alguma coisa que faça pensar que tem alguma ideia do que seja governar, além do penacho; de facto, para lá do panfletário, nada dali parece poder vir que dê à gente alguma tranquilidade...

 

Amândio G. Martins

sábado, 25 de novembro de 2023

IUC depois do governo cair

Sábado.24.11.2023 IUC depois do governo cair O partido do Governo, supostamente, não ficou banido da corrida eleitoral. A aprovação do OE 2024 é conveniente para o país, ser aprovado. Até daria mais jeito ao partido que o elaborou, continuarmos em duodécimos do OE 2023 em 2024. O aumento do IUC para veículos antes de 2007 foi muito contestado, se não tivessem havido todas estas suposições e consequências, que atiraram o Governo abaixo, talvez , viesse a ser alterado ,na especialidade. Seria de suicídio e burrice , depois de toda a contestação, quem fez o OE2024 , não recuar no IUC. E de facto há uma necessidade de querer estas eleições antecipadas e injustificadas, de qualquer jeito, pelos que estão fora do poleiro há mais de oito anos – atacam , por recuar no IUC e por não se dar tudo o exigido por médicos e professores. Isto é desfazer a Democracia. Isto é , fazer recuar o país 50 anos. E vão conseguir AUGUSTO KÜTTNER

Incompreensível

 

Se compararmos o número de mulheres mortas violentamente no nosso país com igual situação no país vizinho, verificaremos que, em Portugal, a selvajaria é infinitamente pior; de facto, segundo a UMAR, desde o princípio do ano até ao momento, foram assassinadas na terra portuguesa vinte e cinco mulheres, enquanto em Espanha, no mesmo período, foram cinquenta e duas as que perderam a vida da mesma forma.

 

Tendo em conta a população dos dois países, com a espanhola mais de quatro vezes superior à nossa, a que acresce um número impressionante de gente flutuante e refugiados das mais diversas nacionalidades, fácil é constatar quão mais vergonhosa é a situação por cá; igual nos dois países parece ser a displicência com que são apreciados os avisos de perigo que as mulheres vão fazendo chegar às autoridades policiais e à justiça, que parece darem sempre ao agressor o benefício da dúvida, até que este acaba por concluír as repetidas ameaças...

 

Amândio G. Martins

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Regredindo

 

INEXORÁVEL

 

Meter as palavras certas num verso

Como assentar as pedras num muro

Também pode ser um trabalho duro

Se a mente não acompanha o processo.

 

Quando sentimos sinais de regresso

Confundindo o passado com futuro

Meio perdidos num buraco escuro

Torna-se impossível qualquer progresso.

 

Cada dia de vida é recompensa

Se alheios problemas a não põem tensa

Impedindo o merecido sossego;

 

Mas como acontece a quase todos

Muitos por quem não pouparam esforços

Não sentem por eles nenhum apego.

 

Amândio G. Martins

 

 

 

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA UM PRIMEIRO MINISTRO


No ponto em que vai esta “procissão” já vai é possível tirar algumas ilações. E a primeira é muito simples: o PM aplicou a si próprio um rigor demissionário que não quis infligir aos membros do seu governo que, por qualquer motivo, deixaram de ser impolutos aos olhos dos portugueses. E reparem que não digo oposição, porque essa faz o seu papel dramatizando tudo, às vezes de forma ridícula. Porque um PM pode pedir um certificado de registo criminal à entrada da porta do governo mas não está na sua mão controlar as asneiras que cada um faz depois. Mas pode atalha-las de forma rigorosa quando delas tem conhecimento. Até pode despedir um membro do governo impoluto por se ter revelado uma má escolha, qual é o drama? Porque os portugueses de bom senso preferem sempre a estabilidade parlamentar, que lhes foi inopinadamente tirada numa série de precipitações, tanto do PM como do PR, cujo legado, para além das “selfies”, será sem dúvida, o ter conseguido dissolver uma AR com uma maioria parlamentar unipartidária a meio da legislatura.

O guloso e o desejoso

 

Sou dos que valorizam a capacidade de cada um rir de si próprio, de não ser ele a encarecer os seus feitos, quando o que conseguiu, por merecedor de elogios que possa ser, não deixa de ser apenas o cumprimento daquilo a que estava obrigado por lhe terem dado as condições e acreditado nele para essa tarefa; daí que me pareça ridículo alguém que se lamenta de nunca ter recebido uma condecoração pública, ou tendo-a recebido, a ache pequena para a sua grandeza, querendo fazer crer que outros, por muito menos, ostentam o peito cheio de comendas e realçando a “falta” de quem está em dívida consigo.

 

E foi o que vi há pouco fazer um canoista de topo, com o que desceu uns bons degraus no meu conceito, não sendo impedimento para isso o facto de até ser meu conterrâneo, tanto mais que se trata de um rapaz com razoável instrução, tendo por isso obrigação de saber distinguir o que é ou não aceitável, e tendo sempre presente que, sendo uma “figura pública”, tem mais obrigação de controlar o que lhe sai pela boca, tanto mais importante quanto se sinta um vencedor; é verdade que matizou a exigência, acrescentando que o treinador também merecia ser condecorado, o que me fez recordar o que dizia a minha avó Custódia Maria, sempre que algum dos netos lhe pedia alguma coisa para um irmão ou primo, sabendo que, se satisfizesse o pedido, se via constrangida a dar a todos: “Pede o guloso para o desejoso”...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Estranha sintonia

 

Antecipando a vitória nas próximas eleições, os partidos da Direita, com a conveniente ajuda da Esqerda aventureira, andam empenhados em impedir o governo em funções de decidir o que tinha programado, querendo que fique o tempo que lhe resta a fazer “figura de corpo presente”; de facto, o que agora lhes importa é que tudo pare para, na certeza de que vão saír vitoriosos, se aproveitarem do trabalho feito e tomarem eles as decisões mais sonantes, como no caso do aeroporto, de que até adivinho a proclamação do papagaio do PSD: “Foi preciso chegar um governo do nosso partido para, finalmente, ser tomada a importante decisão de pôr em marcha a construção dum aeroporto que tanta falta faz para o nosso desenvolvimento”.

 

O mesmo tipo de gente, no país aqui ao lado, também tinha tanta certeza que iria assumir o poder que não tomou nenhumas cautelas, fazendo uma campanha escabrosa contra o Partido Socialista, chamando ao seu líder “Perro Sánchez” e “sanchismo” à sua governação, sequer lhes ocorrendo estar a usar os métodos de combate político do parceiro à sua direita, desmentindo o que sempre diziam ser, que eram o partido da moderação; mais uma vez afastados pela capacidade negociadora dos socialistas, que conseguiram para a investidura os apoios mais improváveis, Feijóo não esconde o rancor contra Sánchez, acusando de tudo quanto lhe vem à cebeça o socialista, que só por se mostrar normalmente sorridente sofre, diz o lider popular, de tiques de autoritarismo patológico, devendo ser submetido a um exame psiquiátrico, secundando o que há muito diz Abascal, quando vê Sánchez desfazer em cacos as suas acusações no Parlamento...

 

Amândio G. Martins

 

 

terça-feira, 21 de novembro de 2023

 HIPOCRISIA E LEI DA SELVA


A revolução técnico-científica tem feito maravilhas em todos os campos. Tem facilitado tanto a vida que, através da medicina, até a tem prolongado. Mas, por outro lado, a fome, a falta de água potável, de saneamento básico e a morte causada por doenças curáveis tem aumentado exponencialmente. Muitos milhões de seres humanos, vivem em condições absolutamente intoleráveis porque nunca houve tanta possibilidade de se produzirem alimentos.

Mas a sede de lucro das multinacionais, fala mais alto. E é essa sede de lucro que leva à degradação do ambiente e às alterações climáticas. Por exemplo, através de extensíssimas e cada vez mais numerosas explorações agrícolas intensivas.

Onde se tem avançado também imenso, é na indústria do armamento, da morte.

Onde não se tem avançado nada, até se tem regredido, é no humanismo. Nas relações entre as pessoas. Sobretudo, entre os povos representados por Estados.

Aí, impera a hipocrisia, a sede de domínio, a lei da selva.

Não precisamos repetir exemplos passados como o que deu origem às duas guerras mundiais, à do Vietname, Afeganistão, Jugoslávia, Iraque, Líbia, Síria. Basta analisarmos mesmo resumidamente a da Ucrânia e o que se passa na Palestina, sobretudo na Faixa de Gaza. Que, ao contrário da primeira, aquilo não é uma guerra. É mais um massacre, um genocídio, uma limpeza étnica que visa matar ou correr com aquele povo. E na Cisjordânia, através dos colonos israelitas.

Segundo as autoridades palestinianas, só nos primeiros 30 dias de bombardeamentos, as forças ocupantes que denominam pelo eufemismo de Forças de Defesa de Israel, lançaram contra a Faixa de Gaza à volta de 30 mil toneladas de bombas, 82 toneladas por quilómetro quadrado. 5O% dos edifícios foram danificados, 10% ficaram totalmente destruídos e dos 2,3 milhões de habitantes, 1,6 milhões (70%) foram obrigados a sair das suas casas. Depois foi a imensa vergonha do ataque a hospitais. Dos 10 mil mortos até então, 4000 eram crianças e 2550 mulheres.

Claro que todas as vítimas são condenáveis! Mas lembrar o que disse António Guterres: “o crime contra civis israelitas, não veio do nada”. Veio de 75 anos de ocupação, de mortes, de prisões, de humilhação. Os Hamas, formam-se assim.

Quanto à guerra na Ucrânia, lembrar só que a sua origem, esteve na recusa da vontade da população russófona do Donbass pelo direito à autodeterminação, afogada num banho de sangue e depois com a recusa dos Acordos de Minsk.

O conflito na Ucrânia e o genocídio na Palestina, contam com o apoio dos hipocritamente arvorados defensores da democracia e dos direitos humanos, os EUA, e com a submissa União Europeia, atrelada.

Ao vergonhoso genocídio de Gaza, Netanyahu, com as costas quentes pelos referidos aliados, continua a fazer ouvidos de mercador aos apelos do Secretário-Geral da ONU, das resoluções da sua Assembleia Geral, da Organização Mundial da Saúde, do Papa, dos milhões que se manifestam por todo o mundo. O que conta é a lei do mais forte. A lei da selva.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O SETUBALENSE"





Procurando a saída

 

MEDITANDO

 

Se não é com rimas ou dissonâncias

Que se pode levar água ao moinho

Mostrar ao que anda confuso um caminho

Dar ao desesperado esperanças...

 

Poder-se-á crer em tais circunstâncias

Que não se pode moldar um “destino”

Deixar lá bem atrás quanto é mesquinho

Para nada serve querer mudanças...

 

Mas se ao que andar aturdido se mostrar

Uma forma de poder aliviar

O peso que o traz sobrecarregado;

 

Irá ver que nem tudo é péssimo

Que pode deixar o analgésico

Olhando para o lado iluminado...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

 

O 25 de Novembro não foi a reposição do 25 de Abril

No estado em que nos encontramos politicamente, quase nada nos resta do 25 de Abril de 1974. Para muitos, mesmo muitos, esta sim!, foi a data mais gloriosa da nossa História pré-milenar. Diga-se: a situação política vigente tem tudo que ver com o golpe militar contra-revolucionário em 25 de Novembro de 1975. Esta é a data da fundação do regime actual. Corrupto, iníquo e socialmente desigual e injusto. Finalmente, a direita deixou de ter vergonha e comemorará o outonal 25 de Novembro. É significativo, que seja um evento festivo de toda a direita extremada e extrema-direita, do PPD/PSD, do CDS, IL e Chega, respectivamente. Contra-revolução é a matriz distintiva deste regime, por mais que aqueles partidos direitistas pretendam esconder os seus interesses, origens e pavonearem-se com as flores de Abril. Quando a partir de Novembro de 75, se proclamou a necessidade de «acabar com a bagunça» e «repor a normalidade democrática», o objectivo não foi criar uma situação de equilíbrio e equidade, ao invés, foi arrancar aos trabalhadores tudo o que tinham conquistado entre Abril de 74 e Novembro de 75. O 25 de Novembro de 1975 não foi a reposição do 25 de Abril de 1974, porque a diferença entre pobres e ricos é pornograficamente abissal, os negócios envoltos em tráfico de influências e corrupção banalizaram-se, implantou-se o trabalho precário e à peça(!), a falta de habitação e a insegurança social são realidades consolidadas. A cínica demagogia servida por novembristas demagogos, eivadas de promessas dum futuro radioso, não passaram de tentativas de venda da banha da cobra. No 25 de Abril de 1974, o Povo saiu à rua com esperança, alegria e liberdade. No 25 de Novembro de 1975, houve um silêncio sepulcral premonitório daquilo que nos esperava - o que nós tínhamos conquistado foi-se perdendo, metodicamente suprimido...

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

 CHORA POR TI ARGENTINA


A Argentina é um colosso. O segundo maior país da América Latina (45 milhões de habitantes) com imensas potencialidades na agricultura, criação de gado e minérios diversos. Mas um gigante acossado por uma inflação altíssima, enormes assimetrias sociais, elevados índices de desemprego, pobreza extrema. Fruto da descaracterização do peronismo, da corrupção, enfim, dos tradicionais males do centrão “social-democrata/democrata-cristão” tão conhecido também entre nós.

Portanto, um gigante num atoleiro.

Agora, o eleito vendedor de banha da cobra neofascista, o que propõe é a dissolução do Banco Central, a privatização de ministérios e de todo o Ensino, a liberalização da venda de armas e até o possível comércio de órgãos humanos. Além de outras soluções deste género. Ou seja, enterrar o país no referido atoleiro.

Para grandes males, grandes remédios, para bem do país das pampas, do tango, de Piazzolla, de Gardel, para bem da América Latina e do mundo, esperemos que também o seu povo, ainda mais acossado, se levante e encontre bem mais dignas e justas soluções.

Francisco Ramalho



"Ivenção da Esquerda"

 

A justiça social é uma invenção da Esquerda para castigar e expropriar quem está bem de vida, para o dar a quem nada tem porque nada quer fazer, disse há pouco tempo a presidente da espanhola comunidade de Madrid, e figura ruidosa do Partido Popular, Isabel Diaz Ayuso, justificando ter baixado os impostos às grandes fortunas, decisão que depois se reflectiu na falta de meios para apoiar a escola e saúde púbicas, com o que acusa o governo central, perante as manifestações de protesto, de lhe faltar com a contribuição a que tem direito; e estes disparates, que constam da cartilha de todos os ditos liberais, dos “nossos” também, são seguidos em todas as regiões onde o referido partido governa, porque os extremistas com quem se aliou para tirar o poder à Esquerda exigem para si as pastas mais sensíveis, como assistência social, educação, cultura e saúde.

 

Se por cá não tivermos isto presente, agora que se aproximam eleições e há o perigo de alianças desse tipo para formar governo, tamanha é a fome de mando dos promitentes “salvadores,” que há muito deixaram de se reivindicar de “social-democratas” para passarem a autodesignar-se de “centro-direita”, depressa sentiremos nas nossas vidas o efeito daquilo que pretendem levar a cabo na sociedade, bem patente nos factos acima apontados, que para os nossos “génios” não deixarão de ser um farol de boa governação, já que a originalidade nunca foi o seu forte...

 

Amândio G. Martins

domingo, 19 de novembro de 2023

 UCRÂNIA E PALESTINA NÃO SÃO COMPARÁVEIS


Na Ucrânia há uma guerra, na Palestina há um massacre, um genocídio, uma limpeza étnica. Guerra provocada por não admitirem a autodeterminação da população russófona do Donbass, afogada num banho de sangue e depois também recusada pelos Acordos de Minsk.

Todas as vítimas são condenáveis. Disse Guterres que as vítimas do Hamas não vieram do nada. Vieram de 75 anos de ocupação, mortes, prisões, humilhação. É assim que se formam os Hamas.

Os hipócritas arvorados em defensores da democracia e dos direitos humanos que apoiam a guerra na Ucrânia, são os mesmos que apoiam o genocídio na Palestina.

Francisco Ramalho  

Zoologia

 

 

 

 

 

ENTRE HIENAS E LEÕES

 

As crianças na Ucrânia esmagadas

Valem tanto como as da Palestina

Mas para o maniqueu que as desestima

Não interessa nada vê-las lembradas.

 

Personalidades aprisionadas

Pela desacreditada doutrina

Bebem do doutrinador que as inquina

Até se finarem desidratadas.

 

Culpado dos massacres na Ucrânia

Com tanto tempo já de vil infâmia

É o honrado povo invadido;

 

Quem mata o futuro da Palestina

É o invasor que lhe lança em cima

O ancestral rancor ensandecido...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

ANNE AKRICH. O SEXO DAS MULHERES

 

Anne Akrich nasceu em 1986 em Paris. Filha de mãe polinésia e pai judeu tunisino.  Adolescência no Taiti. Estudou na Sorbornne.

Foi jornalista. 

Em 2018 escreveu IL FAUT SE MÉFIER DES HOMMES NUS, biografia tragicómica de MARLON BRANDO e sobre o TAITI.


Agora O SEXO DAS MULHERES. 


"Neste livro na há muito pudor,  nem decoro, nem tranquilidade. 

A sua história extremamente pessoal e a memória familiar tranformaram-se num manifesto feminista....ANNE AKRICH diz em voz alta e com rara audácia o que muitas mulheres pensam consigo mesmas e o que muitos homens se recusam a imaginar acerca do desejo feminino,  maternidade......e sempre com um humor devastador.  ...E se o sexo das mulheres fosse essa torrente de festa,  desejo,  humor,  fúria,  pacificação, antagonismo,  delicadeza?".


" Quando emerge, uma nova geração arma-se com um novo léxico.  Embora certos termos sejam exasperantes. Sororidade.......a sororidade se torne a próxima bacorada do feminismo autorizado.. ...Por maiores que sejam, os nossos seios não mudam a geopolítica internacional. 

Será um puritanismo histérico herdado do puritanismo calvinista anglo-saxão, na mesmíssima linha do politicamente correcto. ".


O SEXO DAS MULHERES, de ANNE AKRICH, muito actual, muito interessante. 




A LER!


Augusto Küttner. 

Operação Influencer? Não havia necessidade

 

JN16.11.2023 




Qual a necessidade de ser do conhecimento público  e publicado,  ao minuto,  os passos que o Ministério Público (MP) está a dar,  antes de considerar uma pessoa arguida?


Qual foi a necessidade - todos se lembram disso - de a comunicação social estar junto à residência de Rui Rio a aguardar a sua chegada, do MP?


Qual foi o interesse em fazer cair o primeiro-ministro (PM ), António Costa,  por suspeitas , que não estão minimamente provadas?


Quem beneficia que isto aconteça, desta forma,  atabalhoada de agir?


A quem aproveita que se levantem suspeitas em torno do Presidente da República,  sem qualquer fundamentação?


Todas e todos que andaram a exigir a demissão do primeiro-ministro,  António Costa,  conseguiram.


Não através de eleições livres e democráticas, mas conseguiram. 


Em simultâneo foram tentando descredibilizar a figura do PR,  o Governo e claramente abriram brechas na Democracia,  enquanto alegadamente a defendiam.


Ainda temos o Presidente da República,  Marcelo Rebelo de Sousa,  que não conseguiram fazer que se demitisse. 


Marcelo Rebelo de Sousa um verdadeiro Democrata, é o garante sólido da nossa democracia. Não haja dúvidas. 


Quanto aos que brindam alegremente pela demissão de António Costa,  e pelas condições em que o teve que fazer,  estão intencionalmente a empurrar a Democracia para fora de Portugal  


Veremos o que se seguirá, mas é certo que para os verdadeiros Democratas não vai ser bom.


AUGUSTO KÜTTNER

O assunto da semana

 Três ou quatro dias antes da demissão do 1º ministro pressentia-se que a semana seguinte ia ser o assunto das gêmeas brasileiras por coincidência amigas da família Rebelo de Sousa .

Alguns comentadores já aventavam até a hipótese de termos  eleições presidenciais antecipadas.
Eis senão, quando estava previsto ir para o ar a reportagem que sugeria a influência da familia
Rebelo de Sousa na "brincadeira" que custou aos portugueses 4 milhões um comunicado dúbio 
da PGR faz cair o governo.
A tempestade que estava a ameaçar Belém, foi desviada para S. Bento. 
Agora a minha pergunta é a seguinte: A dubiez foi por incompetência ou intencional?
Já agora senhora procuradora não se esqueça dos 4 milhões que os portugueses pobres tiveram que dar a brasileiros ricos
Também não se esqueça que Sócrates está já há 9 anos no purgatório e ainda hoje não sabemos do que é culpado.
Se fizerem o mesmo a António Costa temos de inferir que existe um padrão.

Quintino Silva

sábado, 18 de novembro de 2023

Indecoroso

 

Das tropelias da rapaziada do Ministério Público que vêm sendo conhecidas, das quais resultou  a queda do Governo e prisão abusiva de várias pessoas, já restam poucas dúvidas de que o seu objectivo, nesta que é a novela do momento, nada tinha a ver com o  papel que lhes cabe na sociedade; de facto, os demasiados “enganos” que vêm sendo divulgados demonstram um padrão de comportamento e uma insuportável interferência na actividade política, parecendo claro que a metodologia do famigerado Alexandre vem fazendo escola naquela casa.

 

E o indecoroso aproveitamento que vêm fazendo os politiqueiros que se pelam por ocupar os lugares de mando, sem lhes interessar para nada os “lapsos” da investigação que vão sendo conhecidos, tão úteis se revelam para os seus interesses imediatos, deixa-nos um triste retrato da sua valia de homens de Estado; tudo lhes parece correr a favor porque, enquanto não se aclararem as coisas, a “bomba” estrepitosamente deflagrada vai cumprindo o seu ignóbil fim, tão repugnante quanto o cinismo daquele magistrado sindicalista que desvalorizou os lapsos nas transcrições das escutas publicamente divulgadas, dizendo que, no final, o que conta é a gravação original...

 

Amândio G. Martins

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

 INDIFERENÇA

Um dia, logo depois do 25 de Abril, vi num “cartoon” um diálogo entre dois cavadores algures no Portugal profundo (e que profundo ele era então) em que um perguntava: "Houve qualquer coisa lá por Lisboa? É-respondeu o outro - parece que já não é o Marcelo/Thomaz quem lá está!! Numa alusão à indiferença e alheamento do nosso povo após 48 anos em que tudo era decidido em Lisboa por um ditador e a sua elite política, empresarial, militar e administrativa.
Volvidos outros tantos anos parece nada ter mudado. Os filhos e netos destes cavadores assistem atónitos e resignados ao que se passa em Lisboa. Agora não temos um ditador mas a teia de interesses políticos, jurídicos, financeiros e das grandes empresas mantém-se, impenetrável e monolítica, restando ao resto do país ( a chamada paisagem) adaptar-se ao que aí é congeminado. E cada um continua “a cavar a sua vinha” o melhor que pode. Só quando as “comadres” se desentendem se lembram de nós.

Tarefa bem espinhosa

 

 

 

 

 

O pior virá agora, terá dito o rei a Pedro Sánchez, aquando da investidura para presidir ao anterior governo, que conseguiu levar até ao fim da legislatura; mas o que lhe dirá hoje, quando se deslocar à Zarzuela para apresentar a Felipe VI cumprimentos na posição de investido pelo Parlamento para formar um novo governo, não será muito diferente, porque se antes apenas teve que se entender com duas organizações à sua esquerda, agora são tantos, à esquerda e à direita, que o homem não terá um momento de descanso, como lhe lembrou Gabriel Rufián, porta-voz da Esquerda Republicana da Catalunha, conhecedor da capacidade de Sánchez para passar por entre os pingos da chuva: “Con nosotros, no se la juegue”.

 

O debate de investidura foi tão bronco como todos esperavam, com os de Vox a chamarem a Sánchez corrupto, sátrapa, golpista, ditador e tudo quanto lhes veio à cabeça, num desespero em que até Isabel Diaz Ayuso, na tribuna dos convidados, foi filmada a chamar ao líder socialista “Hijo de puta” quando este, fazendo o paralelismo da carreira de Feijóo com outro galego, Fraga Iribarne, deixou o actual líder do PP diminuído perante aquele, que se converteu de ministro da ditadura à democracia e acabou a carreira como chefe do governo da Galiza, enquanto Feijóo segue o inverso, saindo do governo da Galiza para dar um golpe contra o líder do próprio partido, quando este lutava contra a corrupção na Comunidade de Madrid – o que deixou a actual presidenta fora de si – e aliando-se aos inimigos da democracia para poder governar, como fez em comunidades autónomas e em muitos municípios onde os socialistas ganharam as eleições sem maioria, desmontando também o argumento de Feijóo quando diz que lhe cabia a ele formar governo, como ganhador das eleições.

 

Derrotados no Parlamento pelo voto da maioria dos deputados, as direitas apelam à revolta nas ruas e prometem continuar com os distúrbios à porta das sedes dos socialistas, onde os repórteres das televisões e jornais têm sido agredidos e insultados com a mais escabrosa linguagem; e não deixa de ser chocante para todos os que prezam as liberdades democráticas a quantidade de gente jovem, de ambos os sexos, que vem sendo manipulada pela propaganda extremista para engrossar as arruaças...

 

Amândio G. Martins

 

 

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Primitivismo

 

 

 

 

DOENTIO PRAZER

 

Abrigam-se as aves nos arvoredos

Dum ambiente menos sufocante

Mas nunca encontram protecção bastante

Contra muitos humanos destemperos.

 

Por falta de controlos mais severos

Para evitar o abuso constante

O caçador dispara indiferente

Se deixa algumas espécies a zeros.

 

Ao revelarem tanta indiferença

Demonstram bem pouca inteligência

Bem pior do que ser inconsciente;

 

Se quem governa só olha a receita

Que pode render uma lei mal feita

Mostra não lhe importar o ambiente...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 14 de novembro de 2023

 ALTERNATIVA E ALTERNÂNCIA


A decisão do Presidente da República de dissolver a Assembleia e convocar eleições antecipadas, não era a única legalmente possível. Aliás, sinal disso, foi a votação de oito a oito, desempatada por Marcelo, no Conselho de Estado. Mas o Chefe de Estado assim decidiu, e é com isso que se tem de contar e os democratas se devem empenhar para termos uma solução o melhor possível para o povo e para o país.

Independentemente do que determinou a demissão do Primeiro-Ministro e que se compreende devido à gravidade que o Ministério Público lhe atribui, implicando membros do Governo, o Chefe de Gabinete de António Costa, um Presidente de Câmara também do PS e alguns empresários no processo denominado Influencer, relacionado com matérias tão importantes como a possível exploração de lítio e de hidrogénio verde, a prestação do Executivo PS, deixou muito a desejar. Os exemplos são mais que muitos. Referimos, por exemplo, o estado calamitoso em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde, as dificuldades e insuficiências no Ensino, onde avulta o problema laboral dos professores mas não só, a enorme crise na habitação, a precariedade e os baixos salários e pensões de reforma, a privatização de empresas tão importantes para economia nacional, como a TAP e a EFACEC que estavam na calha.

Durante estes longos 4 meses até às eleições, o Governo mesmo numa situação de gestão, tem o dever de fazer todos os possíveis para resolver ou minimizar esta grave situação.

E depois das eleições, o que importa mesmo, é uma política alternativa que resolva todos estes problemas. E é possível fazê-lo aproveitando e potenciando todas as capacidades nacionais e tributar justamente os grupos económicos e a banca que tem tido lucros escandalosamente astronómicos.

Mas quem irá fazê-lo? Seria o PS mesmo com novo líder? Novo líder, mas o partido é o mesmo! Ou o PSD que com ele tem alternado no poder há décadas e por isso, é tão ou mais responsável pelo deplorável estado do país? O novel partido da direita, a Iniciativa Liberal? Ou o demagógico e populista de extrema direita, do senhor Ventura?

Todos estes exemplos, não são alternativas a este e a todos os anteriores governos do PS ou do PSD com ou sem o moribundo CDS. São alternância. Que é como quem diz, com ligeiras e insignificantes diferenças, todos farinha do mesmo saco. A nossa longa experiência não o tem provado à saciedade?

De alternância não estão os trabalhadores, os reformados, o povo, fartos?

Creio que será consensual o enorme contributo que a comunicação social dominante, propriedade da minoria beneficiada do sistema, tem dado e continua a dar, para a alienação e manipulação do povo no sentido de eleger os seus, deles, representantes. Mas isso, não será ad aeternum.

Portanto, com o possível esclarecimento e luta, estará nas mãos do povo eleger gente que seja efetivamente alternativa. Será à esquerda do PS. E, determinante, um grande reforço do PCP/CDU. Até para forçar o PS, com o novo líder, a guinar à esquerda.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O SETUBALENSE"




"Inchação de saco", diria um brasileiro

 

Cada vez menos vejo seja o que for nas nossas televisões, porque sempre que o experimento saio nauseado; de facto, os canais noticiosos passam o dia inteiro a repetir o mesmo, hora a hora, e nos ditos generalistas, à hora dos telejornais, repete-se tudo aquilo com que os outros passaram o dia a “encher chouriços”, com directos para a porta dos tribunais, dos ministérios e palácios do Governo e de  Belém e da porta da casa dos investigados, onde “acampam” chusmas de repórteres à compita para ver quem provoca no visado a “bomba” mais espectacular.

 

Frustrada porque Galamba não dizia nada, uma repórter da RTP, no momento em que o homem chegava a casa com a mulher e os filhos, de boca cerrada, dizia para o estúdio ser uma situação constrangedora, querer fazê-lo falar naquela situação, mas que era jornalista e a função dos jornalistas é informar; mas informar o quê, se já se sabia que estava a ser investigado, e o ministro nada mais poderia dizer que valesse a pena, a não ser aquela conversa habitual nestas situações, que estava de “consciência tranquila”, ou então “explodir” e mandá-los a todos pastar...

 

Rejubilando com este enredo com que o Ministério Público fez caír o Governo, o líder da Oposição, demagogo completamente desprovido de escrúpulos, tem dito coisas tão assombrosas como: “Mais uma vez, deixam o país pior do que o encontraram, mas nós vamos cortar o mal pela raíz e repor a dignidade nas instituições”; entretanto, no canal 3 da televisão privada espanhola “Atresmedia” noticiava-se: “Grave error de la fiscalia portuguesa, involucrando António Costa en la corrupción”...

 

Amândio G. Martins

 

 

O crime não compensa...

Com melhores amigos, do primeiro-ministro, como Diogo Lacerda Machado, mais vale saber onde estão os inimigos... este figurão alvo da justiça, com estrondo, afinal foi «punido» com a não-prisão. O chefe de gabinete de António Costa, guardou 75800 euros na residência oficial deste, sendo uma traição politica e pessoal a Costa. O Ministério Público(MP), pedia prisão para Lacerda e para o responsável pelo gabinete, sendo que ambos saíram em liberdade... um revés para o MP. O à-vontade com que os influentes, agora judicializados, manobravam e e conversavam ao telefone revelou intocabilidade e impunidade. O crime não compensa - foram apanhados, e bem, pela justiça. Neste momento, fala-se na crise mais grave da história da democracia (qual democracia?) mas, quando é que os trabalhadores pobres e sobretudo reformados e pensionistas que ou comem ou gastam na farmácia deixaram de sobreviver em crise? Sabemos que o PPD/PSD e PS são os campeões da corrupção! Esta gente, depois de envolvida, indiciada e arguida dizem estar sempre inocentes(!). O MP e a Procuradoria não podem ter no caso de António Costa, margem de erro e a celeridade tem de existir e não ficar refém de manobras dilatórias dos advogados de defesa dos prevaricadores. Com ênfase diga-se: a política não pode ficar capturada pelo poder judicial, assim como este deve e tem de ser escrutinado...

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

A CARTA DO AINDA 1.º MINISTRO ESTÁ FORA DO BARALHO DA REALIDADE DO S.N.SAÚDE

Lendo a carta do ainda 1.º Ministro António Costa, em resposta ao médico António Sarmento, publicada na edição do jornal Público de 6 de Novembro de 2023, sobre o Serviço Nacional de Saúde (S.N.S.), não seria difícil concluir que afinal a situação não está tão mal como parece.

Diz o ainda 1.º Ministro na sua carta, que de 2015 até 2023, aumentaram o número de consultas, cirurgias e atendimento de episódios nas urgências. Segundo o que está proposto para o Orçamento de Estado de 2024, os recursos financeiros para o S.N.S. aumentam mais 72% do que em 2015.

Diz ainda a carta, que a par da reforma de organização do S.N.S. existem investimentos em 147 novas construções, 347 requalificações de unidades de saúde, construções como o novo Hospital Central do Alentejo, aumento da capacidade da rede nacional de cuidados continuados até 2025, com mais de 5000 camas na rede geral e 400 nos cuidados paliativos.

Mas o que parece mais significativo é a parte da carta que se refere aos profissionais de saúde, que serão hoje mais de 150 mil, mais 37.500 (25%) do que em 2015, com mais 6.308 médicos, 12.017 enfermeiros e 2202 técnicos superiores, incluindo os de diagnóstico e terapêutica. Embora sendo ignorado o número de profissionais que saíram por reforma e outros motivos, bem como o arrastamento de negociações, que no caso dos médicos já dura há 16 meses.

A carta de António Costa é uma carta fora do baralho da realidade, ao passar por cima do que acontece, quase todos os dias, à porta de centros de saúde e de urgências hospitalares encerradas, com milhares de pessoas doentes a necessitarem de apoio médico e sem o conseguir, o que é inaceitável e revela o desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde, colocando em causa o direito à saúde

O orçamento do S.N.S. de 2015 a 2023 cresceu na ordem dos 66%, mas o número de utentes sem médico de família cresceu 60%, sendo no final de Outubro mais de 1 milhão e 600 mil. Actualmente haverá menos 400 médicos de família que em 2022. As consultas nos cuidados primários de saúde foram menos um milhão e 500 mil em 2022, comparativamente com 2021. Os recursos humanos cresceram 26%, mas a lista de espera para cirurgias cresceu 39%.

No final de Setembro de 2023, a execução do investimento no S.N.S. era apenas de 24% da verba aprovada no Orçamento de Estado, ou seja, 220 milhões de um total previsto de 914 milhões de euros. O que faz prever que no final do ano cerca de 600 milhões serão retidos e não investidos, indo para o excedente orçamental do Ministério das Finanças e para as chamadas contas certas, a exemplo do que já tem acontecido em anos anteriores.

Cerca de metade do proposto no Orçamento de Estado de 2024 para o S.N.S. será transferido para o sector privado (8 mil milhões de euros), confirmando a opção política de direita e neoliberal que está na origem da maioria dos problemas do S.N.S, que é a intenção de continuar a transferir responsabilidades e serviços para o negócio privado da saúde.

domingo, 12 de novembro de 2023

ONU: falar menos fazer mais

 SÁBADO 09 de NOVEMBRO de 2023 


ONU: falar menos fazer mais


A ONU está em quase todo o mundo, e no que foi a razão da sua criação Paz, para evitar no pós-II Guerra Mundial,  novos conflitos armados, não está a conseguir fazer , o que deveria fazer.


Além de se ter tornado uma instituição muito burocrática,  muito pesada,  tem problemas internos graves , mormente quanto à composição desactualizada dos membros permanentes do Conselho de Segurança. 


E ao falarem sempre,  e não poucas vezes, tomando posição de um dos lados da barricada, mais inoperacional se torna.


E cria reacções adversas,  mais ou menos justas.


A forma e o conteúdo como o secretário-geral se referiu a Israel, para evitar possíveis ataques a Gaza,  como seria expectável tiveram o efeito exactamente contrário. 


A ONU,  a cada dia tem menos influência ,do que já foi tendo.


E tem que estar ao mais alto nível consciente disso.


O risco de se tornar inútil é elevado,  e nota-se nas duas actuais Guerras mais recentes e mais faladas, ou no Afeganistão,  ou na Etiópia,  como não tem a mínima influência no que está a acontecer. 


Já não é de agora,  mas cada vez é menos influente.


Logo, quanto menos falarem,  evitando " dar recados ", melhor. 


É pena, alguém achar que está numa Organização que supostamente seria parte activa na Paz, e ao não ser, não mudar de rota, e passar a falar menos, a ter cuidado reiteradamente no pouco que possa dizer.


E falar mais e mais para dentro , para depois, conseguir mostrar obra fora, ou condena-se ,a não haver razão para continuar a existir.


AUGUSTO KÜTTNER