Ainda há dias o PÚBLICO inseriu uma carta minha em que, a propósito de saber se devíamos ir ao fundo das questões "políticas" (mesmo implicando "salgar as feridas") ou esquecê-las para não criar mais problemas. Tendo a advogar a primeira hipótese pela simples razão que, se não "eticizarmos" o actual sistema (que todos sabemos estar muito corrompido), os populismos serão inevitáveis. E destes para coisa pior é um passo...
Volto hoje, portanto, com mais um exemplo que pouco ou nada foi falado mas é paradigma do "já passou e pronto". Refiro-me à entrevista dada pelo antigo da Economia dum governo PSD/CDS, Álvaro Santos Pereira (ASP), a Vítor Gonçalves no programa Grande Entrevista da RTP1. Vou limitar-me a citar algumas frases ditas, com grande assertividade, pelo actual funcionário da OCDE, a saber: compadrio político-financeiro; fraude na Banca; devem ser responsabilizados criminalmente com eventual prisão; deve avançar-se contra a corrupção/enriquecimento ilícito; foi a troika que permitiu os desmandos da Banca; há uma "pouca vergonha" (sic) entre governo e autarquias nos licenciamentos. E por aqui não se ficou pois apodou de "traição à Pátria" (sic), sem nunca lhe citar o nome, a atitude de Paulo Portas quando desencadeou a tristemente chamada "cries do irrevogável".
Chega? ainda haverá quem ache que se não deve"salgar as feridas" para podermos revitalizar o "resto do corpo" e assim evitar que caminhemos para o abismo?
P.S: A entrevista foi aí pelas zero horas do dia 7 de Fevereiro.
Fernando Cardoso Rodrigues
Nota: esta carta foi enviada ao PÚBLICO em 10/fevereiro e não mereceu publicação.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.