domingo, 31 de janeiro de 2021

Belos gestores


Até prova em contrário, é necessário adquirir-se imunidade de grupo ao novo coronavírus, para a qual só existem duas maneiras: pela vacinação, ou pela contaminação natural. Esta última tem o inconveniente de, em grande parte dos casos, exigir demorados cuidados médicos, o que pode levar à ruptura do SNS. Há que dar, então, prioridade absoluta à vacinação.
Adivinhava-se que, não havendo com a prontidão desejável as doses necessárias, se assistisse à erupção de tensões entre pessoas, grupos, e até países ou regiões. Portugal beneficia de pertencer à UE, um bloco poderoso, o que lhe confere vantagens nas negociações para a aquisição das vacinas.
Mas a UE dissipa alegremente a sua capacidade negocial. Dominada pelos eternos tecnocratas da finança, com um olho na vacina e o outro no défice, acabou por descurar aquilo que parecia fundamental desde que o problema apareceu: o tempo. Enredada nas suas intrincáveis burocracias, demorou mais meses que os outros (UK, EUA, Israel) a chegar a acordos que, analisados à lupa, não lhe dão grande força executória. Pior, fartou-se de marralhar no preço, e até conseguiu metade que alguns outros. Agora, aflita, tem um preço fabuloso… mas não tem mercadoria! Só não sei a quem devemos endereçar os parabéns por tão eficaz gestão.

Público - 01.02.2021

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