sábado, 23 de janeiro de 2021

Os camuflados


Há apenas quatro anos, perante o inimaginado triunfo de Trump nas eleições americanas, vislumbraram-se alguns comentadores envergonhados que, não conseguindo esconder o contentamento, lá iam dizendo que o que o “homem” tinha prometido durante a campanha eleitoral não seria passado à prática, porque o infalível método dos checks and balances, alicerçado em inabaláveis estruturas democráticas, nunca o permitiria. Foi o que se viu. 

Agora que o “homem” se foi embora (de vez?), não falta quem lhe atire pedras sobre pedras. É fácil, porque, apesar dos muitos milhões de votantes, ele caiu para profundezas que não se julgava possível, e não custa nada bater-lhe quando “foi ao tapete”. É a hora de aparecerem alguns desses velhos “apoiantes”, perenes habitantes de esconsos lugarejos donde emanavam incessante homenagem ao ídolo que lhes garantia inconfessáveis anseios, virem derramar lágrimas de crocodilo, enfeitando-se dos inevitáveis juramentos de fidelidade à liberdade e à democracia. Alguns deles já andam por aí, já se fazem ouvir. Lembram-me o nosso pós-25 de Abril, quando, de boca aberta, constatámos que, afinal, não havia fascistas.  

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