segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Descompliquemos

 

Da felicidade dos povos...

 

 

Sou dos que sentem que a felicidade se realiza num conjunto de pequenas coisas do dia a dia, para as quais se não pedem grandes investimentos; assim, sendo muito provável chegar um tempo em que serei obrigado a estar na cama sem querer, uma coisa que me dá prazer é poder levantar cedo, fazer em casa as tarefas indispensáveis e saír porta fora; e quando algum brincalhão me pergunta se tinha pulgas na cama, pergunto-lhe o que é que tinha na dele, para também querer sentir no peito o ar puro da manhã.

 

Ouvi ontem no “24 horas” da RTVE que uma sondagem da Gallup Internacional mostrava os espanhóis como um dos povos mais optimistas do mundo; aquela cadeia de televisão mandou para a rua os repórteres indagar se é “verdade”, mas as respostas não deram para grandes conclusões; e se fossem perguntar ao bairro da “Cañada Real”, onde milhares de pessoas pobres, com cerca de três mil crianças e muitos velhos, estão há meses sem electricidade, com o presidente do município, a que pertence o bairro, e a presidenta da comunidade de Madrid, ambos os figurões do Partido Popular, nas tintas para o sofrimento daquela gente, empurrando o assunto para a companhia de electricidade, que responde que a falha se deve às ligações clandestinas das estufas dos traficantes de droga, se fossem perguntar àquele gente – dizia – certamente não recolheriam respostas optimistas.

 

No que nos diz respeito somos vistos, acho que mais por nós próprios, como um povo triste e macambúzio, mas os estrangeiros que nos conhecem bem e connosco convivem, dizem que o que os fez escolher Portugal, para além do clima, foi a simpatia e prestabilidade das pessoas, sempre prontas para ajudar no que for preciso; o casal de reformados ingleses que é meu vizinho também não está arrependido de cá ter comprado uma propriedade abandonada, onde mandou construír uma bela casa e plantou árvores de fruto e vinha, e sempre que tem dúvidas de quais os tempos adequados para determinada intervenção, não deixa de me perguntar e querer saber todos os pormenores de cada cultura agrícola...

 

 

Amândio G. Martins

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.