quarta-feira, 24 de março de 2021

País de humoristas

Ao mesmo tempo que nos “escandalizamos” com a discussão, na Assembleia da República, de temas tão importantes como a eutanásia ou a pertença de titulares de cargos públicos à Maçonaria ou ao Opus Dei (obviamente legítimos, mas de questionável oportunidade face aos difíceis problemas que a pandemia originou e que há que solucionar), como é possível que se perca - e faça perder - tempo com bizantinices de semântica como as que o presidente do Conselho Económico e Social, Francisco Assis, lançou para debate? O político-linguista parece ignorar que o Conselho a que preside deve ser, por excelência, o espaço de diálogo entre o Governo, os Parceiros Sociais e outros representantes da sociedade civil organizada, na busca de soluções concertadas para problemas de grande profundidade na realidade sócio-económica do país. Que se discuta que o CES passe a designar, por exemplo, “os trabalhadores” e “os pensionistas”, por expressões como “a população trabalhadora” ou “as pessoas pensionistas”, é gozar com quem trabalha, como diria Ricardo Araújo Pereira.

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