terça-feira, 16 de março de 2021

 

TURBULÊNCIA NA AVIAÇÃO CIVIL E OS SUSPEITOS DO COSTUME


Com a maioria dos aviões em terra devido à pandemia, anda agitadíssima a aviação civil em Portugal. É a TAP a reduzir a frota, trabalhadores e salários, a Groundforce , já com os mesmos em atraso e até com a continuidade da sua existência em causa, e a localização do novo aeroporto pretendida pela ANA/VINCI e pelo Governo, a pôr em pé de guerra ecologistas, autarquias e populações.

Toda esta agitação e angústia dos trabalhadores das respetivas empresas, quando o que o importantíssimo setor precisa, é de tranquilidade para se manter com o menor custo possível, para depois arrancar assim que a pandemia dê tréguas. Os culpados, excetuando a pandemia, evidentemente, são os suspeitos do costume: os que retalharam e privatizaram grande parte do Grupo TAP; PS,PSD e CDS.

A juntar aos problemas referidos, outro grande, mas positivo, sinal de alerta, foi a decisão da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), ao discordar da opção da construção do Aeroporto Complementar do Montijo.

Será preciso ser-se especialista em aeroportos e aviação, para se ver ,a olho nu, que a opção Montijo, não é uma solução correcta e de futuro? Com a sua localização junto ao Tejo, pouco mais possibilitaria que um apeadeiro aéreo, e com o tremendo impacto ambiental e humano reconhecido por especialistas, pela generalidade das organizações ecologistas, por autarcas e pelo cidadão comum. Quando existe outra opção (Alcochete) na região, cujo impacto ambiental e humano, é muitíssimo mais reduzido e com possibilidades de se construir um aeroporto de raiz de dimensões quase ilimitadas. E ainda, será de descartar liminarmente, a utilização plena de um aeroporto de grandes dimensões já construido, a 137 quilómetros em linha reta de Lisboa, ou a 177,pela A2, em Beja?

Portanto, em defesa do meio ambiente, das populações da região e do interesse nacional, fez bem a Câmara Municipal do Seixal, face à lei vigente, ter-se oposto ao apeadeiro aéreo do Montijo.

Fazem mal, o Governo/PS e o Dr. Rui Rio ao disponibilizar-se para, mais uma vez, juntar os votos do PSD aos do PS para alterarem a lei e satisfazerem os interesses da multinacional VINCI, a quem venderam a empresa Aeroportos e Navegação Aérea (ANA), e acordaram (o atual Governo) com a mesma, a exploração dos aeroportos nacionais durante 50 anos. Por isso , segundo o suplemento de economia do DN e do JN, Dinheiro Vivo de 6/3/21, a referida multinacional, ameaça exigir uma indemnização de 10 mil milhões de euros se a opção Montijo não se concretizar. Exigência essa, entretanto, desmentida na SIC Notícias, pelo ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos. Esperemos que tenha razão, e que se diga, não!

Conclusão: se este setor vital, como outros, para a economia e para o país, nunca tivesse saído das mãos do Estado e tivesse sido gerido como devia, evitavam-se todos estes problemas. Ganhavam os trabalhadores, os contribuintes e o país.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"











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