Entre 18 de Março e 28 de Maio de 1871, o proletariado
francês com grande coragem e abnegação derrotou a burguesia rica e poderosa,
conquistou e exerceu o poder em benefício da população trabalhadora e dos mais
desfavorecidos. Essa primeira e histórica experiência do movimento operário e
comunista, foi depois derrotada e afogada em sangue pela acção conjugada da
grande burguesia francesa e das tropas invasoras prussianas (alemãs).
Algumas partes da análise de Lenine, num artigo de Abril de 1911,
inserido na sua obra «A Comuna de Paris»:
«…Porque é que o proletariado, não somente o francês, mas o
de todo o mundo honra nos homens da Comuna de Paris os seus percursores? Qual é
a herança da Comuna?»
«A Comuna surgiu espontaneamente, ninguém a preparou
consciente e metodicamente. A guerra infeliz com a Alemanha; os sofrimentos do
cerco; o desemprego do proletariado e a ruína da pequena burguesia; a
indignação das massas contra as classes superiores e as autoridades que haviam
dado provas de uma incapacidade absoluta; uma surda efervescência no seio da
classe operária, descontente com a situação e ansiosa de um novo regime social;
a composição reacionária da Assembleia Nacional, que fazia temer pelos destinos
da República, todos estes factores, e muitos outros, se conjugaram para impelir
a população de Paris à revolução de 18 de Março, que pôs inesperadamente o
poder nas mãos da Guarda Nacional, da classe operária e da pequena burguesia
que se colocara a seu lado.»
«…Só os operários permaneceram fiéis à Comuna até ao fim. Os
republicanos burgueses e a pequena burguesia desligaram-se bem cedo; uns,
assustados com o carácter proletário, socialista e revolucionário do movimento;
outros, quando a viram condenada a uma derrota certa.»
«…Abandonada pelos seus aliados de véspera e sem contar com
nenhum apoio, a Comuna tinha inelutavelmente de sofrer uma derrota. Toda a
burguesia francesa, todos os latifundiários, bolsistas e fabricantes, todos os
grandes e pequenos ladrões, todos os exploradores se uniram contra ela. Esta
coligação burguesa, apoiada por Bismark (que pôs em liberdade 100 000
soldados franceses, prisioneiros dos alemães, para subjugar o Paris
revolucionário), conseguiu lançar os camponeses atrasados e a pequena burguesia
provincial contra o proletariado parisiense e cercar metade de Paris com um
círculo de ferro (sendo a outra metade cercada pelo exército alemão).»
«…Todavia, o que sobretudo faltou à Comuna foi tempo, a
possibilidade de se aperceber da situação e de empreender a realização do seu
programa. Ainda não tivera tempo de pôr mãos à obra, quando o governo,
entrincheirado em Versalhes e apoiado por toda a burguesia, iniciou o ataque a
Paris.»
«Não obstante, apesar das condições tão desfavoráveis e da
brevidade da sua existência, a Comuna chegou a tomar algumas medidas que
caracterizam suficientemente o seu verdadeiro sentido e os seus objectivos. A
Comuna substituiu o exército permanente, instrumento cego das classes
dominantes, pelo armamento geral do povo; proclamou a separação da Igreja e do
Estado; suprimiu a subvenção do culto (ou seja a manutenção dos padres pelo
Estado) e deu um carácter estritamente laico à instrução pública, com o que
assestou, forte golpe nos gendarmes de sotaina.»
E ainda: proibiu o trabalho nocturno nas padarias; aboliu o
sistema de multas que penalizava os trabalhadores; todas as fábricas e oficinas
abandonadas pelos patrões eram entregues às cooperativas operárias; a
remuneração dos funcionários da administração e do governo não podia ser
superior ao salário normal de um operário.
«…Todas estas medidas mostravam claramente que a Comuna
constituía uma ameaça mortal para o velho mundo, fundado na sujeição e na
exploração…. os generais bonapartistas, vencidos pelos alemães e valentes
contra os seus compatriotas vencidos… fizeram uma carnificina como Paris jamais
vira… Paris perdeu cerca de 100 000 dos seus filhos e entre eles os
melhores operários de todas as profissões».
«…A causa da Comuna é a causa da revolução social, é a causa
da total emancipação política e económica dos trabalhadores, é a causa do
proletariado mundial. E neste sentido é imortal».
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