quarta-feira, 23 de junho de 2021

150 anos da COMUNA DE PARIS

 



Entre 18 de Março e 28 de Maio de 1871, o proletariado francês com grande coragem e abnegação derrotou a burguesia rica e poderosa, conquistou e exerceu o poder em benefício da população trabalhadora e dos mais desfavorecidos. Essa primeira e histórica experiência do movimento operário e comunista, foi depois derrotada e afogada em sangue pela acção conjugada da grande burguesia francesa e das tropas invasoras prussianas (alemãs).

Algumas partes da análise de Lenine, num artigo de Abril de 1911, inserido na sua obra «A Comuna de Paris»:

«…Porque é que o proletariado, não somente o francês, mas o de todo o mundo honra nos homens da Comuna de Paris os seus percursores? Qual é a herança da Comuna?»

«A Comuna surgiu espontaneamente, ninguém a preparou consciente e metodicamente. A guerra infeliz com a Alemanha; os sofrimentos do cerco; o desemprego do proletariado e a ruína da pequena burguesia; a indignação das massas contra as classes superiores e as autoridades que haviam dado provas de uma incapacidade absoluta; uma surda efervescência no seio da classe operária, descontente com a situação e ansiosa de um novo regime social; a composição reacionária da Assembleia Nacional, que fazia temer pelos destinos da República, todos estes factores, e muitos outros, se conjugaram para impelir a população de Paris à revolução de 18 de Março, que pôs inesperadamente o poder nas mãos da Guarda Nacional, da classe operária e da pequena burguesia que se colocara a seu lado.»

«…Só os operários permaneceram fiéis à Comuna até ao fim. Os republicanos burgueses e a pequena burguesia desligaram-se bem cedo; uns, assustados com o carácter proletário, socialista e revolucionário do movimento; outros, quando a viram condenada a uma derrota certa.»

«…Abandonada pelos seus aliados de véspera e sem contar com nenhum apoio, a Comuna tinha inelutavelmente de sofrer uma derrota. Toda a burguesia francesa, todos os latifundiários, bolsistas e fabricantes, todos os grandes e pequenos ladrões, todos os exploradores se uniram contra ela. Esta coligação burguesa, apoiada por Bismark (que pôs em liberdade 100 000 soldados franceses, prisioneiros dos alemães, para subjugar o Paris revolucionário), conseguiu lançar os camponeses atrasados e a pequena burguesia provincial contra o proletariado parisiense e cercar metade de Paris com um círculo de ferro (sendo a outra metade cercada pelo exército alemão).»

«…Todavia, o que sobretudo faltou à Comuna foi tempo, a possibilidade de se aperceber da situação e de empreender a realização do seu programa. Ainda não tivera tempo de pôr mãos à obra, quando o governo, entrincheirado em Versalhes e apoiado por toda a burguesia, iniciou o ataque a Paris.»

«Não obstante, apesar das condições tão desfavoráveis e da brevidade da sua existência, a Comuna chegou a tomar algumas medidas que caracterizam suficientemente o seu verdadeiro sentido e os seus objectivos. A Comuna substituiu o exército permanente, instrumento cego das classes dominantes, pelo armamento geral do povo; proclamou a separação da Igreja e do Estado; suprimiu a subvenção do culto (ou seja a manutenção dos padres pelo Estado) e deu um carácter estritamente laico à instrução pública, com o que assestou, forte golpe nos gendarmes de sotaina.»

E ainda: proibiu o trabalho nocturno nas padarias; aboliu o sistema de multas que penalizava os trabalhadores; todas as fábricas e oficinas abandonadas pelos patrões eram entregues às cooperativas operárias; a remuneração dos funcionários da administração e do governo não podia ser superior ao salário normal de um operário.

«…Todas estas medidas mostravam claramente que a Comuna constituía uma ameaça mortal para o velho mundo, fundado na sujeição e na exploração…. os generais bonapartistas, vencidos pelos alemães e valentes contra os seus compatriotas vencidos… fizeram uma carnificina como Paris jamais vira… Paris perdeu cerca de 100 000 dos seus filhos e entre eles os melhores operários de todas as profissões».

«…A causa da Comuna é a causa da revolução social, é a causa da total emancipação política e económica dos trabalhadores, é a causa do proletariado mundial. E neste sentido é imortal».

 

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