terça-feira, 22 de junho de 2021

LIMA DE FREITAS: sua arte e a olaria algarvia

22 de junho, dia de celebrar o pintor português José Maria Lima de Freitas que nasceu nessa data no ano de 1927, em Setúbal, e faleceu a 5 de outubro de 1998, em Lisboa. Estudou Arquitetura na Escola de Belas Artes na capital portuguesa e foi docente do Instituto de Arte e Decoração de Lisboa (IADE).

Em 1968, o pintor português e seu amigo irlandês, o artista Patrick Swift, criaram em Porches, povoação algarvia perto de Lagoa, um pequeno estúdio artesanal de cerâmica, movidos, sobretudo, pelo desejo de tentar salvar uma tradição local em vias de desaparecer. Êxito alcançado pelos pintores daquele tempo. Atualmente, essa imensa contribuição é uma relevante componente cultural do destino turístico internacional.

Em 1978, Freitas publica um artigo por intermédio do Grupo de Estudos Algarvios, abarcando não somente o próprio relato de uma missão e sensibilidade para a arte e a olaria de Porches, mas também a interação de fatores geográficos, históricos, turísticos, culturais e econômicos em um contexto regional. Portanto, as palavras desse artista indicam as particularidades e densidades dos territórios de artesãos e seus produtos artesanais/obras de arte, assim como apresentam elementos espaciais que estruturaram um componente cultural real que contribui com o desenvolvimento turístico regional.

Em consonância aos aspectos elencados no manuscrito, pode-se afirmar que, para Lima de Freitas, o século XX viu em todo sul de Portugal a queda gradual e contínua do trabalho artesanal, atividades que formaram, desde tempos remotos, a verdadeira expressão da alma regional algarvia do povo português. Na verdade, o trabalho traz relatos interessantes, pois mostra que, para travar o declínio do artesanato de Porches nas últimas décadas do século XX e salvar a arte oleira da extinção, artistas portugueses e estrangeiros precisaram lutar pela causa, levados por sentimentos aportados na cultura regional e no saber popular. Esses esforços se mostraram eficazes, conforme os resultados encontrados nas primeiras décadas do século XXI, em se tratando de atividades e negócios turísticos.

Assim, no mês de junho de 2021, é possível afirmar que a olaria de Porches/Algarve, com as mãos criativas de Lima de Freitas e Patrick Swift, não somente contribuiu para manter a tradição oleira regional algarvia, que chega viva nas primeiras décadas do século XXI. Tais artistas, com aprofundados discernimentos artísticos, deixaram um enorme legado ao conhecimento artístico/artesanal, forte componente cultural que privilegia a análise em virtude de uma região que contemporaneamente se constitui um dos destinos turísticos internacionais mais importantes do mundo.

Desse modo, o texto aqui apresentado não almeja findar o tema, mas celebrar o dia 22 de junho, o quase centenário de nascimento do pintor português José Maria Lima de Freitas, artista que deixou contributos relevantes para a interpretação do espaço e do mundo oleiro algarvio, moldando valores e costumes do ponto de vista da atividade turística.

 

Referências

FREITAS, L. de. Porches e a recuperação do artesanato. Grupo de Estudos Algarvios, ano 1, n. 2, p. 3-7, 1978.

SANTOS, J. C. V. Olaria Portuguesa de Porches e o aprofundado discernimento artístico regional de Lima de Freitas. Espaço em Revista, v. 20, n. 1, p. 38-54, jan./jun. 2018.

 

Jean Carlos Vieira Santos

Professor e Pesquisador da Universidade Estadual de Goiás (UEG/TECCER-PPGEO). Pós-doutoramento em Turismo pela Universidade do Algarve e Doutoramento em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (IGUFU/MG).


2 comentários:

  1. Caro Jean Carlos,
    Bem-vindo à "tertúlia".
    Vê-se que o tema é da sua predilecção. Obrigado pelo contributo na divulgação de Lima de Freitas e da olaria algarvia.

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  2. Obrigado, Caro José Rodrigues! Estou muito feliz pela honrosa oportunidade.

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