quinta-feira, 17 de junho de 2021

Jornalismo de piada/Piada de jornalismo

 

Quando em 1970 fui de Lisboa morar para Santo Tirso, consegui uma moradia vaga nos arredores do centro, um lugar onde toda a gente trabalhava em fábricas têxteis, uns de dia e outros de noite; do casal que morava em frente, ela saía de casa de madrugada e chegava ao início da tarde, ficando o marido a olhar pelas crianças e fazer o almoço, até à hora de também ele entrar no turno que começava depois do almoço até tarde da noite.

 

A mulher chegava a casa, almoçava e deitava-se para descansar durante a tarde, só que as miúdas, com as outras crianças da rua, que não tinha trânsito para além de quem ali morasse, faziam demasiado barulho nas suas brincadeiras, o que exasperava a mulher.

 

Certo dia em que me calhou almoçar em casa, pude ouvir este “divertido” diálogo cruzado: “Ó Palmira, quem ca**lho está a fazer tanto barulho”? – É a Zeza, responde a pequena. “Manda-me calar essa filha da p.”! A miúda vira-se para a irmã mais velha e diz: “Ó filha da p., a mãe diz para te calares”. Responde a outra: “Diz à mãe que se f*da”! Vai a primeira a correr e diz à mãe: “Ó mãe, ela diz para tu te f**eres”! –“Eu vou lá e parto-lhe os cornos”, - diz a mãe, que de imediato sai desaustinada de casa, mas todos debandaram e logo abrandou o barulho.

 

Ocorreu-me este episódio a propósito do que vi a alguns jornalistas, acerca de podermos vir ou não a voltar para trás no desconfinamento, com o presidente afirmando que não haverá volta, e o chefe de Governo a responder que ninguém pode garantir isso.

 

Então estes jornalistas chegam ao pé do presidente e lembram-lhe o que o PM tinha dito, e se não achava que o tinha desautorizado; o presidente responde que o PM não tem como desautorizar um presidente; eles vão a correr ao PM e dizem-lhe o que ouviram ao presidente; o PM responde que desautorizar o presidente nunca lhe passara pela cabeça. E assim andaram aquelas almas aos “caídos”, a encher chouriças de cebola intragáveis, sem nem um “cheirinho” de carne nem picante...

 

 

Amândio G. Martins

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