Quando era miúdo ouvia os idosos, sempre que queriam mostrar desagrado pelo desempenho dos pequenos nalguma tarefa que lhes confiavam, desabafar desta forma: “Não vales um pataco”; “patacos” eram moedas antigas a que não se atribuía nenhum valor, mas que havia muitas na aldeia, encontradas nas paredes de velhas casas e com as quais a criançada brincava.
Tenho Carlos Moedas na conta de alguém muito qualificado para as mais altas funções, públicas ou privadas, pelo que fiquei desiludido quando ouvi o candidato à Câmara de Lisboa aproveitar-se de forma rasteira do “azar” dum adversário; de facto, estando hoje razoavelmente esclarecido que o incidente dos “dados” não foi obra de Medina, mas duma máquina burocrática que tem vida própria e que, ali como por todo o lado, a todos atrofia até nas mais ridículas situações, não tenho como duvidar que se Moedas estivesse agora no lugar de Medina, tinha acontecido exactamente a mesma coisa.
Assim, ao ouvi-lo e ao seu líder usarem o acontecimento para fins descaradamente eleitoralistas, ocorreu-me a expressão com que comecei este arrazoado: “Não vales um pataco”! Embora farto de saber que, na luta política por cobiçados lugares, até tirar olhos vale, continuo ingenuamente à espera de ver alguém demonstrar alguma nobreza no combate, ainda mais tratando-se de uma nova geração de políticos, a quem cabe a responsabilidade de dar à vida pública um ar mais respirável...
Amândio G. Martins
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