terça-feira, 15 de junho de 2021

 

FALTA CIVISMO E PREVENÇÃO


Este inverno, felizmente, choveu bem. E depois, abril também confirmou o ditado: “abril, águas mil”.

Foi um bem para as barragens e, de uma maneira geral, para a agricultura. Mas, não há bela sem senão! Embora este senão, fosse mais que previsível. Logo, possível de prevenir. Mas, pecha nossa, prevenção, nem sempre é connosco.

Como não é possível sol na eira e chuva no nabal, toda a vegetação beneficiou com a chuva, o sol, o bom tempo, e ela cresceu por todo o lado, inclusive, evidentemente, nas bermas de estradas, ruas e caminhos. E agora com a chegada do verão, naturalmente, secou. Não sendo cortada,como acontece por tanto lado, bastando dar-se uma volta por aí para se confirmar. Depois, por qualquer descuido ou desleixo, torna-se um rastilho para alimentar a praga dos fogos florestais e mesmo urbanos.

Com algumas idas à praia nestes dias propícios para tal, é o caso, na sinuosa estrada que liga a Charneca da Caparica às praias da Costa atravessando a mata que até é reserva natural, onde o temos verificado.

Mas, justiça seja feita, há também autarquias preocupadas com esse potencial perigo e limpeza urbana. Por exemplo, o caso que conhecemos melhor, o Seixal, onde a desmatação tem sido feita.

Um preocupante aspecto da falta de civismo é, nas referidas bermas em zonas urbanas de grande mobilidade, tanta gentalha que para lá atira lixo. Claro que os responsáveis pela desmatação, devem ter o cuidado não só com o corte das ervas e do mato, mas também, sempre que possível porque os meios não abundam, com a recolha desse lixo. Nomeadamente, aquando da desmatação.

Numa dessas idas à praia, à saída do bairro onde moro, existe uma rotunda relvada, com a relva impecavelmente limpa e cortada, três máscaras, com certeza atiradas de dentro dos carros, jaziam, conspurcando o verde quase imaculado.

Assim que cheguei à praia do Dragão Vermelho, deparo logo com outra. Num bocado de cana que estava junto às rochas, enfiei-a por um dos elásticos e segui até à praia do Tarquínio. Até lá chegar, apanhei mais quatro. E, com muita pena minha, mais alguns pequenos invólucros e pedaços de plástico, lá ficaram.

Outra coisa que também se vê com frequência e que é considerada um dos piores “venenos” para a fauna marinha, são as famigeradas palhinhas, fornecidas pelos estabelecimentos junto à praia mesmo a clientes que consumam as bebidas fora. Incrível, como é que não existe ainda legislação contra tal barbaridade.

Finalmente, no que diz respeito às praias, no dia 10, feriado, as que refiro, nomeadamente a do Dragão Vermelho, estavam cheias e mais pareciam enormes campos de futebol, mais os sempre habituais ajuntamentos. Portanto, quanto ao distanciamento preconizado pela DGS e ali também obrigatório, zero! Tal e qual como antes da pandemia.

Sem campanhas de sensibilização eficazes e não se fazendo cumprir as leis, continua-se irresponsavelmente mantendo ou agravando a pandemia, a poluir o já saturado meio ambiente, a resvalar-se para o abismo.

Francisco Ramalho

Publicado hoje no jornal "O Setubalense"






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