segunda-feira, 28 de junho de 2021

262 Euros


É com isso que cada família extremamente carenciada pode contar, mensalmente, desde que devidamente credenciada, para se prover dos bens essenciais a não morrer de fome. É essa a cifra que liberta tantos portugueses de remorsos por viverem numa sociedade de bem-estar em que tantos tão mal passam. De consciência tranquila, alguns até partem para a culpabilização dos que “não querem trabalhar”, os “verdadeiros responsáveis” pelos défices do Estado, em vez de consciencializarem que a vergonha maior de uma sociedade organizada se deve encontrar no regabofe financeiro a que muitos se dedicam, cavando desigualdades em proveito próprio. 

Com um quarto de século passado desde a sua criação, o Rendimento Mínimo Garantido, agora Rendimento Social de Inserção (RSI), não acabou com a pobreza. Pelo contrário, a riqueza aprofundou as suas próprias raízes, saindo cada vez mais forte das diversas crises que desde então vivemos. E é até curioso constatar que, para a revisão do RSI que se avizinha, se percorrermos o pensamento dos partidos parlamentares da esquerda até à direita, verificamos uma diminuição gradual do apoio a esse incentivo, acompanhado de um concomitante desejo de maior fiscalização. Exactamente o espelho do que poderíamos esperar se estivessem em causa apoios à iniciativa empresarial.

1 comentário:

  1. O "regabofe" trás-nos sempre à memória as atitudes inqualificáveis daqueles figurões que se passeiam impunemente por aí, nos seus brutos carrões, iates e jatos particulares, depois de assaltarem os bancos que todos nós sustentamos.
    Numa atitude provocatória só possível de aceitar, porque somos uns "bananas", costumam insultar-nos com aquela: "se tens inveja do meu viver, faz como eu, trabalha".

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.