É com isso que cada família extremamente carenciada pode contar, mensalmente, desde que devidamente credenciada, para se prover dos bens essenciais a não morrer de fome. É essa a cifra que liberta tantos portugueses de remorsos por viverem numa sociedade de bem-estar em que tantos tão mal passam. De consciência tranquila, alguns até partem para a culpabilização dos que “não querem trabalhar”, os “verdadeiros responsáveis” pelos défices do Estado, em vez de consciencializarem que a vergonha maior de uma sociedade organizada se deve encontrar no regabofe financeiro a que muitos se dedicam, cavando desigualdades em proveito próprio.
Com um quarto de século passado desde a sua criação, o Rendimento Mínimo Garantido, agora Rendimento Social de Inserção (RSI), não acabou com a pobreza. Pelo contrário, a riqueza aprofundou as suas próprias raízes, saindo cada vez mais forte das diversas crises que desde então vivemos. E é até curioso constatar que, para a revisão do RSI que se avizinha, se percorrermos o pensamento dos partidos parlamentares da esquerda até à direita, verificamos uma diminuição gradual do apoio a esse incentivo, acompanhado de um concomitante desejo de maior fiscalização. Exactamente o espelho do que poderíamos esperar se estivessem em causa apoios à iniciativa empresarial.
O "regabofe" trás-nos sempre à memória as atitudes inqualificáveis daqueles figurões que se passeiam impunemente por aí, nos seus brutos carrões, iates e jatos particulares, depois de assaltarem os bancos que todos nós sustentamos.
ResponderEliminarNuma atitude provocatória só possível de aceitar, porque somos uns "bananas", costumam insultar-nos com aquela: "se tens inveja do meu viver, faz como eu, trabalha".