segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Perplexidade sim, mas depois...

No início deste diferendo entre o Livre e a sua deputada Joacine Katar Moreira, realmente o que assomou à cabeça de muitos de nós - eu incluído -  foi a perplexidade. Mas o desenrolar dos acontecimentes, junta àquela um desgosto e uma preocupação que ainda serão mais penosos. Depois de "comunicado para cá, comunicado para lá", com razões surpreendentes e/ou "ingénuas" aduzidas, aparece uma reunião da Assembleia do Livre que mantem a Joacine como deputada mas... o assunto passa ao Conselho Jurisdicional! Dizendo que "está tudo bem"! Rui Tavares bem tenta, esbracejando, apelar a que só nos foquemos no programa do Partido e "reduz-se" a um simples militante, mas... as coisas vêem-se, não é? E têm consequências, ora se têm. Neste imbróglio há ainda uma coisa surpreendente: muita gente dizia que o Livre estava a ser "ultrapassado pela esquerda" pela Joacine, mas agora... foi esta que, ao abster-se na questão dos colonatos em Gaza, se desviou para direita! Como é, isto não tem sido dissecado mas terá que o ser, não é?
Numa nota final, direi que " o que torto nasce..." e confesso que me agradava um Livre com pensamento social de esquerda, verde e europeísta. Mas ,dado estas coisas recentes, começo é a ver uma trapalhada inconsequente que nada traz de bom.

Fernando Cardoso Rodrigues 

2 comentários:

  1. Há 6 anos escrevi este texto: «A propósito da iniciativa do eurodeputado Rui Tavares de constituição dum novo partido, constatar que alguns intelectuais, normalmente conotados como de esquerda, parece só identificarem-se com determinado partido, quando ele assimila as suas ideias e conceitos.
    Em qualquer organização democrática, as decisões podem não ser unânimes, prevalecendo a vontade da maioria, que deverá ser acatada, mesmo por quem defendeu opções diferentes. Esta é a forma de potenciar capacidades individuais inseridas num colectivo, diluindo eventuais e desaconselháveis protagonismos solitários.
    Não fará sentido invocar um novo espaço político à esquerda, quando temos: PS, que quer um capitalismo sem ser selvagem; BE, que pretende converter o capitalismo aos bons costumes; PCP, que entende que o capitalismo não é futuro para a humanidade; e Verdes, que defendem que o capitalismo não é solução para problemas climáticos e ecológicos. Há ainda outras formações partidárias, sem representação parlamentar e identificadas como de esquerda.
    Pode não ser fácil, o caminho para Rui Tavares manter-se como eurodeputado, após as eleições europeias de 2014». De facto não foi eurodeputado em 2014.

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  2. Antes do mais, agradeço-lhe este seu comentário, que merece ser lido e reflectido. Mesmo que- ou talvez por isso mesmo - haja coisas que mereçam discordância, com será o caso de, em nenhum momento, referir o europeísmo do Livre, que não existe em nenhum dos partidos à esquerda do PS. Quanto às sucintas súmulas de definição de cada um dos partidos do "espaço político à esquerda", bem conseguidas, contêm algumas omissóes/imprecisões, mas não cabe abrir polémica aqui.

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