Antes de mais lamento, com toda a sinceridade, o facto de hoje, infelizmente, vir a este espaço destinado a todos nós leitores do Record, falar de um assunto muito triste e marcante demais. Não só para aqueles que partiram, como igualmente para os seus familiares, adeptos e amigos, mas também para todos nós, cidadãos e adeptos do desporto rei, que é o futebol. É um assunto que já fez correr rios de tinta em toda a imprensa escrita, não só em Portugal como em todo o mundo, e tem vindo a esgotar a abertura constante a todo o momento dos noticiários, tanto da rádio como da televisão, tentando dar as melhores informações e os últimos pormenores do fatídico e dramático desastre aéreo que dizimou imensas pessoas, as que faleceram e as que ficaram, as famílias e os amigos.
Confesso, como desportista 'militante', a minha completa ignorância quanto à existência da Associação Chapecoense de Futebol (ACF). Só por fatalidade e desgraça deste acontecimento deveras marcante para sempre é que acabei por conhecer este clube de futebol brasileiro, sediado na cidade de Chapecó, em Santa Catarina, que foi fundado a 10 de maio de 1973. Clube este em que se incluem todos os seus adeptos e toda a população daquela cidade, que se encontram de luto. Aliás, não somente o clube mas todo o mundo, e não só com ligações ao meio desportivo, que ficou sensibilizado e não menos indiferente a este terrível e trágico acidente que vitimou mais uma equipa de futebol, como em outras ocasiões já tinha acontecido. Tocou fortemente os corações de todos os cidadãos, pelo terrível e sinistro acidente que vitimou jogadores, dirigentes, jornalistas, adeptos e tripulação que acompanhavam, naquele avião e naquele dia, a equipa de futebol brasileira que iria disputar com os colombianos do Atlético Nacional a primeira mão da final da Taça Sul-Americana de futebol.
Diz a história da Chapecoense que o objetivo da sua fundação era restaurar o futebol naquela cidade de Chapecó, que a sua origem está ligada ao facto de, na década de 1970, a região possuir apenas algumas equipas amadoras, sendo inexpressiva em relação ao futebol profissional. Com o propósito de reverter esta situação, alguns desportistas, jovens apaixonados pelo desporto, decidiram se reunir para criar este clube de futebol profissional para aquela cidade de Chapecó, em Santa Catarina. O seu estádio tem o nome de Arena Condá, que pertence ao município, e o seu primeiro nome era Regional Índio Condá. Entretanto foi remodelado, com a construção de novas bancadas, processo esse que se deu por etapas, até atingir a atual capacidade de 22.600 espectadores.
O seu historial desportivo desde da sua fundação é enorme, sendo um dos grandes do futebol catarinense, tendo surgido da união dos clubes Atlético Chapecó e Independente. Ao longo dos seus 46 anos de existência tem vindo a conquistar gradualmente o seu espaço no futebol brasileiro.
Às famílias de todos aqueles que partiram e não chegaram ver concretizado o seu maior sonho de estarem presentes numa grande final internacional e histórica nas suas vidas e carreiras desportivas, a todos os adeptos daquele clube, e a todo o futebol brasileiro, mas em especial e principalmente a todos aqueles que partiram, paz às suas almas.
(Texto-opinião, publicado na edição online, secção "Escrevem os Leitores" do Jornal RECORD de 01 de Dezembro de 2016)
MÁRIO DA SILVA JESUS
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