Temos Abril, um mês a que devemos tirar o chapéu, velhos e novos.
Há uma lista de obrigações a cumprir e nem todos se lembram.
Aqui vai:
Receber condignamente a Primavera. Saudar as flores, os pássaros e a as abelhas, com entusiasmo. Ter fé que as condições melhorem para se ter um grande verão.
Responso:
Sejamos honestos, não temos cuidado dos meses passados como devíamos ter feito. Se as condições estão agora incertas e tremidas, a culpa foi nossa.
No início, quando o tempo abriu, era o espanto, tudo era novo, as pessoas andavam atarantadas. Depois foi o tempo do gozo, de uma liberdade nunca antes experimentada, sem impedimentos nem prisões.
Veio depois da festança o tempo para fazer, eram muitas as obras de renovação, trabalhos a pedirem maestria, o cabo deles, mas tinham que ser feitos. Alguns quiseram continuar em festa e descuraram. Outros abrandaram, acharam que tudo correria bem, só por si. Todos facilitaram.
Depois os que tiveram estas tarefas e responsabilidades em mão, tiveram filhos e como estes nasceram em liberdade e os pais - talvez menos bem - não lhes queriam privações de nenhuma espécie, atafulharam-nos com tudo. Era só pedir, nem isso: bastava pensar que se queria, e logo aparecia.
Os meninos foram assim criados, e crescidos já nem se lembraram mais do passado dos pais, muitos menos o dos avós, histórias longínquas, sensaboronas, a meterem censuras, perseguições, solitárias, castigos vários e muita pobreza, da carne mas sobretudo do espírito.
Abril desleixou-se e como os fenómenos atmosféricos também andam confundidos, deixou de ser o anúncio da primavera, uma estação que praticamente já não existe.
Uns, cada vez menos, os nostálgicos, comemoram este mês e saem à rua para cantar e oferecer flores. A maioria anda na sua vida, aproveita as folgas, faz as suas coisas, tratando dos seus interesses e não está para comemorações de memórias afastadas, a preto e branco com odores a bafio.
Agora é assim Abril, um mês como todos os outros, nem melhor nem pior. Tem trinta dias e geralmente dois feriados que dão muito jeito, um é religioso, o outro absolutamente laico, ainda assim ainda convivem e encaixam no mesmo mês. Melhor só mesmo Junho, o campeão das festas e das pontes, um mês como deve ser: de laréu, e gaitadas.
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