quinta-feira, 20 de abril de 2017

Ai, 25 de Abril

                                         O PORTAL DA POESIA - MÁRIO AZEVEDO: NOTÁVEL FORMA DE SER

                                          Ai, 25 de Abril…
Tantos monstros criaste,
Só balas de um fuzil
Baniria tanto traste.

Ai, 25 de Abril …
A que mãos foste parar!
Às da gentalha mais vil
Teus sonhos foram herdar.

Acabaram com a produção
E as pescas deceparam
Legal mesmo é ser ladrão
Os trabalhadores acabaram.

O desemprego incendeia
Há já famílias sem pão;
A situação está tão feia
Que pode virar vulcão.

                                          Malvados foram chamados
Para distribuir o pão,
Mas foram mal escolhidos
Para tal repartição.

Roubado foi o celeiro
Achincalhada a nação,
Muitos ladrões no poleiro
Roubaram-nos todo o grão.

Venderam-nos miragens
Em sonhos de ocasião,
Em saques e pilhagens
Restou-nos a desilusão.

Quarenta e três anos passados
Da promissora madrugada,
Os mesmos destemperados
Roubaram-nos, deixando nada.

        José Amaral


                                     
                                                   

5 comentários:

  1. Óh meu caro Amigo José Amaral não esteja assim tão desencantado! O 25 de Abril trouxe de tudo, bem e mal, que são componentes da relação humana. Estamos numa fase má, e por isso assiste-lhe alguma razão, mas o bem acabará por se sobrepôr. Vamos ter esperança! Um abraço fraterno e lusitano.

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  2. Para além do tom "apocalíptico", aquele verso do "só balas dum fuzil...", nem à conta de "liberdade poética" é de aceitar.

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  3. Os "destemperados", amigo Zé,não, não deixaram nada! Deixaram, ou foram obrigados a deixar, entre mais algumas coisas, duas muito importantes; a liberdade de lhes chamar-mos destemperados e outras coisas piores, e essa mesma liberdade que permitiu outra coisa ainda mais importante: fazer com que todos nós, este povo, o nosso povo, deixasse de ter medo. Está a ver que continua a valer a pena o 25 de Abril?

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