Basta falar do movimento popular de 1974-75 para as divergências surgirem irredutíveis e, apesar dos pesares, aqueles dois anos continuarem a ser aferidores. Se foi um desvio ameaçador, aberrante e anárquico para recém-democratas, socialistas, social-democratas,
democratas-cristãos ou fascistas-democratas é, contudo, recordado com nostalgia e imensa saudade pelas pessoas simples, como um tempo em que a voz dos pobres era ouvida e começava a ter peso.
Que resta do 25 de Abril?-Pouco. Vai-se podendo falar como uma precaução e medo menos
relevante, por relação a 2011-15… Que é feito daquela bela dignidade das pessoas comuns que
há pouco mais de 40 anos descobriram que era nas assembleias que se discutiam e resolviam questões da sua vida colectiva? - Essa foi expulsa sem deixar rasto porque era a essência dessa
mesma democracia… Se quem nos desgovernou: Soares, Cavaco, Sócrates e Passos (citando os
últimos chefes de governo) tivessem coragem de dar a cara festejariam o golpe militar do 25 de
Novembro e reconheciam que nesse dia o povo não saiu à rua!, reinando o silêncio sepulcral do
estado de sítio. Era inevitável que as grandes esperanças de 74-75 viessem desaguar neste pântano? - perguntei a um operário em desconstrução (desempregado). « O que eu queria era outro 25 de Abril!», respondeu.
‘É a Liberdade o valor superior e insubstituível que o 25 de Abril trouxe e que deve ser celebrado e defendido. Sempre.’, escreveu São José Almeida, no PÚBLICO. Pela esperançosa frase, a ilustre jornalista merece um petaludo cravo vermelho.
artigo de opinião de Vítor Colaço Santos
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