domingo, 21 de outubro de 2018

E se corre mal?


Vamos admitir que o leitor necessita de um qualquer documento (por exemplo, um visto de entrada) e, para o obter, tem de se dirigir a um Consulado da Arábia Saudita. Deve tomar as suas precauções porque, se lá entrar, não tem a certeza de que vá sair. Ou, pelo menos, sair inteiro. Esse cuidado não teve Jamal Khashoggi, jornalista saudita que necessitou de um documento para se casar e, encontrando-se em Istambul, se deslocou ao respectivo consulado. Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas autoridades sauditas já admitiram que algo “correu mal”. Na conversa que o jornalista manteve com interlocutores, gerou-se “qualquer coisa” que acabou na sua morte. Ao que consta de fonte turca, chegou-se a amputar dedos ao requerente da certidão, antes de morrer. Também parece que, com a ajuda de uma moto-serra, alguém retalhou o corpo que, muito naturalmente, ainda não apareceu. Passei a desconfiar dos burocratas, sobretudo dos que trabalham nos consulados.      

1 comentário:

  1. O que esse sinistro acontecimento me mostrou é que o homem revelou pouca prudência, queria dizer inteligência, ao entregar-se assim na boca do lobo; de facto, sabendo bem com quem lidava, razão por que se exilou no estrangeiro, nunca poderia entrar sem defesa num espaço do país que o odiava, sabendo-se que as instalações diplomáticas são território do país que representam...

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