quarta-feira, 10 de outubro de 2018


Novos/velhos problemas...


Escreve Paulo Baldaia, no JN, que “A democracia não existe para eleger quem acredita que matar suspeitos de corrupção, de tráfico de droga,  de qualquer outro crime é melhor que julgá-los e prendê-los; mas quando a Democracia se derrota a si própria, fazendo eleger um anti-democrata, é porque primeiro ela falhou de forma irreversível a milhões de democratas, levando-os o votar contra ela”.
                                                      (...)
“A Democracia que se encheu de eleitos maneirinhos, gente que apenas quer andar por lá algum tempo, ajeitando-se em cargos de ocasião, sem saberem patavina do que precisa o povo que os elegeu, chega a um momento em que já não consegue disfarçar o mal que causam esses “democratas”.


Dizia Ortega y Gasset, há quase cem anos:

“Diz-se que as instituições democráticas caíram em desprestígio. Mas é isto justamente o que conviria explicar. Porque é um desprestígio estranho. Fala-se mal do parlamento em todas as partes; mas não se vê que em nenhuma das que contam se tente a sua substituição, nem sequer que existam perfis utópicos de outras formas de estado que, pelo menos idealmente, pareçam preferíveis.

Não há, pois, que acreditar muito na autenticidade deste aparente desprestígio. Não são as instituições, enquanto instrumentos de vida pública, as que andam mal na Europa, mas as tarefas nas quais empregá-las. Faltam programas de tamanho congruente com as dimensões efectivas que a vida chegou a ter dentro de cada indivíduo europeu.

Há aqui um erro de óptica que convém corrigir duma vez, porque arrepia ouvir as inépcias que a toda a hora se dizem a propósito do parlamento. Existe toda uma série de objecções válidas ao modo como vão os parlamentos tradicionais; mas se se tomarem uma a uma, vê-se que nehuma delas permite a conclusão de que deva suprimir-se o parlamento, mas, pelo contrário, todas levam por via directa e evidente à necessidade de reformá-lo".


Amândio G. Martins

2 comentários:

  1. Apoiado. Mas estamos chegados a um tempo em que as coisas vão ter que se decidir. As "toupeiras" passaram a andar ao cimo da terra. As cizâneas já deixaram os gabinetes esconsos.

    ResponderEliminar
  2. É realmente preocupante o que no horizonte se vislumbra, com coisas muito feias anunciadas; verificar que a Democracia não tem antídotos para combater o lixo tóxico que a pretende irremediavelmente contaminar, convoca à responsabilização de todos quantos a consideraram um dado adquirido...

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.