Depois dos
filhos criados e de alguma estabilidade no desenrolar dos percursos da vida
surgem os Netos. Será a ordem natural desta nossa permanência
nesta Terra que continua a girar em volta do Sol. E, agora na
condição de Avós, lá recomeçam a ser
chamados para interagirem mais intimamente na Família.
Começam, muitos dos agora Avós a ficar com os bercinhos, depois
as cadeirinhas e não tarda nada que já andam a ajudar nos
primeiros passos. Todos curvados nem sentem as dores que os anos vão
pendurando nas costas. Trocam histórias com os outros Avós e
repetem as gracinhas – todos os dias diferentes – que vão
acontecendo até chegar a altura de ajudarem os Pais a levarem ou irem
buscar às escolas.
Muitos destes Avós já se esqueceram dos percursos e das
“graças” dos seus Filhos e cada nova coisa dos Netos
é como se a Primavera nascesse todos os dias.
Para
nós – Avós - os nossos Netos estão cobertos do
pó doirado das estrelas. As suas palavras soam como o chilrear dos
pardais e desejamos (apesar de todas as novas tecnologias) que sonhem com fadas
e que estes sonhos se espraiem pelos anos de juventude e que o Sol que nasce
todas as manhãs seja sempre um bom companheiro.
E os Netos
vão crescendo e mais depressa do que o esperado saltam para as
faculdades, ou mesmo sem especialização, procuram entrar no
mercado de trabalho que apesar da muita propaganda continua em muitos casos a
não oferecer estabilidade de remuneração e horários
humanizados. E o coração dos Avós vai pulsando pelas
lutas, pelos contratempos que os seus Netos vão sofrendo. A Vida
não é só Primavera. Tem muitos dias de Inverno, de
tormentas que os Avós não podem resolver. Só podem ouvir
as desilusões tantas vezes também muito sofridas pelos Filhos
mais directamente ligados aos nossos Netos. A Família – felizes os
que têm este reboliço de filhos e netos enlaçados na
distância de uns quarteirões de prédios – é na
verdade o verdadeiro suporte de uma sociedade de Liberdade.
Liberdade
que, como diz a canção, só será a sério
quando houver Paz que tanto desejamos e muitos de nós trabalhamos para a
manter, de Pão (traduzindo: de emprego), de Habitação
(tantas vezes dificultada pelas opções dos governos),
Saúde (nesta altura precisamos de resolver os problemas dos
Enfermeiros), Educação que tarda em ver resolvido a contagem do
tempo dos Professores.
E no meio de
tudo isto, as pessoas mais velhas voltam sempre aos Netos e ao desejo de que
eles encontrem um caminho feliz e vejam os seus sonhos rapidamente realizados.
Maria Clotilde Moreira
Jornal Costa do Sol - 17 a 23 de Outubro
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