terça-feira, 20 de julho de 2021

ARISTIDES DE SOUZA MENDES: NOS 136 ANOS DO SEU NASCIMENTO TEM SEU BUSTO DESCERRADO NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Orivaldo jorge de Araújo
Goiânia, 20 de julho de 2021


NASCEU EM 19 DE JULHO DE 1885, NA PEQUENA ALDEIA DE "CABANAS DE VIRIATO


 Este singular e admirável ser humano foi Cônsul no Brasil na década de 1920, nas cidades de Curitiba, São Luiz do Maranhão e Porto Alegre. De seus 14 filhos dois nasceram no nosso solo, tendo em 1940 assumido o consulado em Bordéus, França, por designação do então ditador Salazar, em pleno furor da segunda guerra mundial, na qual Portugal se declarava neutra.

 Na qualidade de Cônsul na França ocupada pela Alemanha, Sousa Mendes desafiou as ordens expressas de seu governo, concedendo mais de 30 mil vistos de entrada em Portugal a refugiados de todas as nacionalidades, dos quais cerca de 10 mil eram judeus.

Revelando uma coragem e determinação invulgares - e consciente do risco para sua vida e a da sua família - recusou-se a entregar milhares de pessoas a um destino certo nos campos de concentração nazistas. Confrontando com as ordens de Lisboa, ele teria dito: "Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus".

O governo português, ao se sentir pressionado pela sua condição de país não beligerante, o destitui de suas funções no consulado. Souza Mendes ainda apelou para o Supremo Tribunal Administrativo e para Assembleia Nacional, mas de nada lhe valendo estes recursos.

Para agravar a sua situação, ele foi colocado em disponibilidade com drástica redução salarial, e o pior: foi lhe proibido exercer a advocacia, com total retirada de oportunidades, inclusive aos seus filhos, que com isto foram obrigados a emigrar. Consta que dois deles se juntaram ao exército americano na invasão da Normandia (Dia D).

Aqueles que defendem Salazar pelo excessivo rigor aplicado a Souza Mendes, ao lhe ter tirado as mínimas condições de manutenção da família, alegam que ele o fez por pressão direta de Hitler que tinha inclusive pedido a sua cabeça, por não perdoar o Cônsul, principalmente por   ter concedido visto ao Príncipe Otto de Habsburg, filho do último imperador do império Austro-Húngaro. O ditador nazista considerava o Príncipe seu desafeto pessoal e lhe tinha jurado de morte.

O que nos causou estranheza foi, no após guerra, Salazar, mesmo tendo ficado com o mérito do salvamento de tantas pessoas, não ter restituído Souza Mendes ao seu antigo cargo, fato só acontecido simbolicamente após a sua morte com o título póstumo, “Ordem da Liberdade” em 1989, no governo de Mário Soares, onde a Assembleia da República reparou a grave injustiça que lhe fora cometida, reintegrando-o no serviço diplomático por unanimidade e aclamação.

Dois fatos marcantes na vida humanitária deste diplomata português foram muito explorados pelos meios de comunicação: é que entre as várias pessoas salvas pelo seu gesto de rebeldia, está a do grande pintor Salvador Dali e por ele ter recebido em vida uma profunda admiração, respeito e amizade por parte do grande cientista Albert Einstein.

Em estimativas realizadas em Israel, presume-se que a quantidade de descendentes oriundos dos judeus salvos alcança a ordem de 60 mil pessoas, façanha bem superior a conseguida pelo alemão do filme Lista de Schindler.

Em reconhecimento aos seus atos humanitários, o seu nome foi inscrito em árvores plantadas em sua homenagem na avenida “Dos Justos Entre As Nações”, no museu do holocausto Yad Vashem, na cidade de Jerusalém. A sua destemida conduta solidária foi perfeitamente enquadrada dentro do espírito do provérbio judaico que diz: “Quem salva uma vida salva a humanidade”

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