segunda-feira, 19 de julho de 2021

Cuba, mon amour


Completamente a despropósito e despudoradamente, adapto o meu título ao do filme de Alain Resnais, indissociável desse grande nome da literatura francesa, Marguerite Duras. 

Há cerca de 25 anos, estive em Cuba. Continuava ainda um país de esperança, não obstante a perda do principal apoio, a União Soviética, entretanto “desaparecida em combate”, após o estertor aparatoso da queda do Muro de Berlim. Talvez o embargo americano de 60 anos de idade não explique completamente a actual situação, mas não poderá ser alijado de qualquer maneira por aqueles que o consideram uma mera “desculpa”. Há que reconhecer que o sistema não funcionou. Mas funcionaram os sistemas neoliberais por onde foram implantados? O panorama actual a que assistimos na África do Sul é o de um país de sucesso? Os Estados Unidos não têm, na sua população, milhares e milhares de famintos? 

Nada deverá ser desculpa para o corte nos direitos individuais dos cubanos. Nem mesmo o embargo que, quando vem à liça para se aferir da sua (i)legitimidade, leva, sintomaticamente, a discussão para o campo da política interna americana, na sua geografia floridista e correspondente aritmética eleitoral. 


Público - 20.07.2021 (expurgado do parágrafo inicial).

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