Em reacção à carta aberta que 21 prestigiados médicos e farmacêuticos publicaram (ver PÚBLICO de 16 de Julho), a Ministra da Saúde entendeu por bem dizer que a lê como um apelo a que continuemos a observar as medidas básicas que já todos assimilámos.
Quando tal ouvi na RTP, fiquei pasmado. O que leio na “carta” é, acima de tudo, uma crítica, aliás bem construtiva, de algumas - outras, que não aquelas - medidas que o Governo tem vindo a tomar altamente perturbadoras da nossa vida colectiva. A senhora ministra só leu o que lhe interessou, o que não me admira, porque, mais uma vez, constato que os governos, quando atingem a "maioridade", que nestes casos anda pelos 5 ou 6 anos de idade, adquirem uma estranha tendência para desenvolver surdez, agravada quando, no horizonte, não há fortes ameaças da oposição. Passa-se mais ou menos a mesma coisa com o repúdio de decisões promulgadas pelo Presidente da República, após aprovação pela Assembleia da República em “coligações negativas”, segundo diz um Secretário de Estado. Temo o que vamos ver nas discussões do OE2022 e da negociação das penas com todos os tipos de criminosos e não só os da corrupção. Entristece-me que o Governo, nascido num berço “pobrezinho”, autêntica “geringonça”, tenha evoluído para “novo rico” e sofra deste “autismo”. Será que quer o regresso de um Passos Coelho qualquer… ou pior?
Público - 18.07.2021 (expurgado da parte sublinhada).
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