Tirando os raros casos daqueles que vão por espírito de aventura, os profissionais das mais diversas áreas que deixam o seu país fazem-no à procura de melhores condições, que no país de origem, por mais que lutem, não vêem hipóteses de conseguir, por muito que aí sejam necessários, ficando a lacuna da sua falta, de que toda a gente faz queixa, mas pouco ou nada fazem para evitar que fujam.
E o caso de médicos e enfermeiros, que dessa forma acabam por faltar nos hospitais e centros de saúde, é dos mais dramáticos, não se percebendo mesmo nada como é que não é possível pagar-lhes o suficiente para segurá-los onde tanta falta fazem, indo depois pagar muito mais para contratá-los à hora, disponibilizados por empresas de trabalho temporário - onde se refugiam em desespero de causa - como se a saúde fosse um mero caso de sazonalidade.
Mas no país aqui ao lado – serão custos da latinidade? – tenho verificado que lutam exactamente com o mesmo problema; de facto, há muito que vejo médicos e enfermeiros em luta por melhores condições de trabalho e remuneração, e ainda ontem ouvi o médico Julián Ezquerra, líder de um sindicato, lamentar que médicos cuja formação custa tanto dinheiro ao povo espanhol, sejam depois empurrados pela porta fora, porque não encontram na sua pátria condições de vida dignas...
Amândio G. Martins
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