terça-feira, 18 de outubro de 2022

 UM RIO DE ESPERANÇA


A dimensão da manifestação do passado sábado em Lisboa, convocada pela CGTP, deve ter surpreendido muita gente.

Partindo do Cais do Sodré pouco depois das 15 horas, transformou a Rua do Arsenal e a Rua do Ouro, num rio caudaloso e vibrante, num rio de esperança, desaguando durante mais de duas horas no Rossio.

Para quem pensasse que os trabalhadores e o povo em geral, estavam anestesiados com o discurso do Governo PS e da direta, que o brutal aumento do custo de vida se deve à guerra e que não há nada a fazer enquanto durar, enganou-se redondamente.

Claro que os trabalhadores e o povo condenam a guerra. Por isso, a par de diversas palavras de ordem como, por exemplo, O Custo de Vida Aumenta o Povo não Aguenta, Precariedade Não! Estabilidade Sim!, Para os Patrões são Milhões para os Salários Nem Tostões!, Não Podemos Aceitar Empobrecer a Trabalhar, mais uma vez entoaram bem alto, Paz Sim Guerra Não!

Mas a guerra já alguma vez interessou ao povo? Interessa sim, aos fabricantes de armas e aos países que pretendem alargar o seu domínio. No caso concreto da guerra na Ucrânia, interessa, sobretudo, ao complexo militar industrial dos EUA e a este país. É verdade que a mesma intensificou-se com a invasão. Mas, e os antecedentes? Os interesses do povo das regiões onde ela já durava há anos com um custo de 15 mil mortos, não contam? E a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), pode expandir-se para onde quiser e ameaçar quem não obedeça a quem nela manda?

Por isso, os milhares de manifestantes em Lisboa e no Porto, gritaram bem alto, Paz Sim Guerra Não!

Por isso, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), sob o lema “Os povos querem paz, não o que a guerra traz”, já marcou mais duas manifestações para os próximos dias 26 e 27, em Lisboa e no Porto, respetivamente, porque “ diversos conflitos, como na Palestina, no Sara Ocidental, na Síria, no Iémen ou na Ucrânia, agravam-se com trágicas consequências”.

O CPPC, defende que a diplomacia e os princípios do Direito Internacional substituam a ingerência externa, a corrida armamentista, a ameaça e o uso da força nas relações internacionais. E que o Governo português deve contribuir, cumprindo os princípios inscritos na Constituição da República Portuguesa.

Mas não são apenas os figurões acima referidos que com a guerra beneficiam! A par das dificuldades que o nosso povo, os povos da Europa e um pouco por todo o mundo, sofrem com ela, incluindo já milhões a passarem fome, os grandes acionistas das empresas de combustíveis, eletricidade e não só, aumentam escandalosamente os seus lucros, como bem lembrou a Secretária-Geral da CGTP, Isabel Camarinha, dirigindo-se aos milhares de trabalhadores concentrados no Rossio.

Mas, claro, disse mais, resumidamente, disse que enquanto essa e outras injustiças assim persistirem, para bem dos trabalhadores, do povo e do país, a CGTP não assinará acordos. E repetiu uma das palavras de ordem mais entoadas: A Luta Continua nas Empresas e na Rua.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal O Setubalense





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