sábado, 11 de junho de 2016

128 palavras ou mais

Antes de começar a escrever esta pretensiosa crónica, devo confessar de que tenho pelos trabalhadores do Jornal de Notícias-(JN), o maior respeito e louvo-os pelo tanto que têm dado a quem a ele recorre para se informar, a lamentar-se, a pedir auxílio, a intervir como agora é minha pretensão. O JN tem servido o melhor que sabe e pode, e disso tem dado provas. Mas eu acredito que ainda poderá fazer mais e prestar um serviço à comunidade, com maior objectividade e solidariedade. Eu se fosse director do jornal, deitar-me-ia na cama ou no sofá, quando a folga na Redacção o permitisse, com bastante preocupação. Um jornal que já teve uma quota de mercado, uma audiência, que foi o dobro da que hoje tem, e que se deixou ultrapassar por outro que nasceu há "dois dias", e que exibe uma marca popularucha que se situa entre o 24 Horas e o Tal&Qual, prenhe de páginas coloridas de socialite e de especulação, que só se vende nas Beiras e no sul próximo de praias e que nessa geografia atinge o dobro das vendas do JN, dá que pensar. Qual a razão para que o JN ao fim de 128 anos de vida e de grande história, feito(a) por Homens e Mulheres de génio e talento, de conhecimento e de cultura, tais como os que hoje lá se encontram, chegou a este decréscimo não de implantação no território, mas na promissora viabilidade saudável? Um jornal que é mais do que isso. É um amigo de cabeceira, companheiro de café, colega de banco de jardim, parceiro de viagem, conjunto de notas e auxiliar da memória. No entanto padece de alguns males. Alguns leitores teimam em participar nele e vêem-se arredados, e às suas "cartas". O espaço que lhes é dado, é substituído por anúncios de encontros de militares, por explº, quando tais informações úteis e nobres podiam muito bem ter o seu próprio espaço, uma vez que o lugar das "cartas" já é escasso e disso têm reclamado muitos leitores que pretendem intervir por esse meio. A conjuntura económica do país não é favorável a "estes vícios" de leitura, e em algum lado se terá que cortar. A cultura é das primeiras a sofrer tais cortes pelos cidadãos que sentem nos bolsos mais cotão do que aquilo com que se compram também os melões. Mas há os lugares públicos, como bibliotecas, cafés, associações, clubes, que também alguns suprimiram a compra do jornal, ou que o trocaram por outro. A verdadeira razão não tem explicação fácil, capaz de fazer primeira página. Por isso, volto ao princípio. Eu se fosse director do Jornal, deitar-me-ia todos os dias preocupado com o caminho por onde vai o "meu jornal", e que medidas devia tomar, que não fosse só por passar em juntar-lhe um "gift" repetitivo até que pareça só pechisbeque. Gente de valor habita a Redacção, de pena de prata e ouro, e de quem gosto muito. Só falta talvez dar mais atenção a quem nele pretende colaborar com informação mais sentida e recolhida na rua e mais próxima da realidade que é feita pelo Homem de carne e osso, com dor e sucesso à mistura, que os olhos vêem e o coração sente. De qualquer modo, parabéns ao JN e a todos os colaboradores, pelos seus 128 anos a servir Portugal. Grande História sobre os ombros de quem o faz!
                                                                                                                    

1 comentário:

  1. Amigo Mouraria, quanto ao espaço destinado aos leitores, ainda há pior que o JN. Muito pior. Dos que conheço, por exemplo, o DN e a NM. Mas faz bem protestar. Aliás, acho que a malta, os leitores/escritores de jornais, tem protestado pouquíssimo. Nomeadamente, nas reuniões que têm/temos feito.

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