PÚBLICO SEX
10 JUN 2016
Todos os que vivemos nestes 40 anos a construção da
democracia, depois de termos passado um longo período em ditadura, ficamos
entristecidos pela forma como a primeira se auto-engole.
Paulatinamente, nestes últimos 20 anos, com mais pujança nos
mais recentes dez, tudo o que foi o percurso em democracia está a ser revertido.
Sendo evidente que os políticos e os media
não aparecem de geração espontânea, logo saem do meio de nós,
população, estarão a ter um forte contributo para o que está a suceder. Os
primeiros por já nem saberem o que é “estar na política” ou não lhes interessar
saber, os segundos, genericamente, por anularem o seu devido espaço e seguirem
a agenda daqueles.
E perdeu-se a “vergonha”, pelo que a política, em vez de defender
“causas”, passou a ser unicamente uma profissão ou uma via para se chegar a
qualquer outro patamar.
A confusão entre a causa pública e a privada está
generalizada. A forma descontraída e espontânea como se “salta” de um campo ao outro,
não por “valores”, mas pelo valor do “euro”, passou a fazer parte da
“normalidade” dos nossos tempos.
Abertamente se usa um caminho para chegar a outro. Só!
E tudo é público e publicitado com a maior das
naturalidades, sem haver um juízo de qualidade, a ser feito por “alguém, por
todos” em favor da democracia.
E “isto” passou a ser tão transversal, tão normal, tão, tão!
Que se agarraram minudências para supostamente o “outro” atacar, deixado o
essencial, o importante, intencionalmente esquecido.
Quando se perde a vergonha, fica muito pouco. E vale tudo, e
se necessário até “arrancar olhos” para o outro deixar de ver.
E quando chegamos a este pântano, constatamos que estes anos
de construção da democracia se estão a desvanecer. Claro que se dirá que são os
velhos, os ultrapassados que “isto” pensam, pensamos. Se calhar.
Mas temos, hoje e em força os 3 F de Salazar: Futebol,
Fátima e Fado e pode não ser bom presságio (...). Além de a liberdade de pensar
diferente e assim agir, não estar a ser bem interpretada!
Augusto Küttner de
Magalhães, Porto
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