Como eu compreendo os ingleses quando lhes passa pela
cabeça sair da UE. Mesmo eles, que são “ricos” e, por isso, im(p)unes, se
questionam sobre as vantagens de cá ficarem. A actual UE parece ter saído da
mente brilhante de um contabilista, espartilhado pelo rigor aritmético do
“deve” e do “haver”, e que, para maior desgraça, se convenceu de que um País
mais não é do que uma (grande) empresa. Se assim fosse, em vez de políticos,
bastar-nos-iam revisores oficiais de contas que auditassem os livros,
comparassem rácios, mensurassem imparidades e aplicassem as inevitáveis sanções aos prevaricadores. A UE é o
resultado de uma série de etapas, algumas delas engolidas à pressa ou atropeladas,
mas o espírito inicial era diferente do de hoje. Havia memória da guerra
mundial, a evitar para sempre, e pensou-se em dar boas condições de vida às
populações, chegando-se à “heresia” de projectar um Estado Social. Admitiríamos
concessões, designadamente pela partilha de algumas soberanias nacionais, mas
ficou expressa a recusa de submissão de uns países a outros em função do
tamanho ou da riqueza. Até que apareceram na cabeça da Europa uns “mangas de
alpaca”, quais governantas a mandar mais do que as patroas, exibindo regras
pseudo-científicas, inventadas em noites de insónia e solidão, que, por
curiosidade, favorecem sempre os mais fortes. Deve ter sido assim que nasceram
o Tratado Orçamental mais o déficit
estrutural. Estão a imaginar o Churchill a preocupar-se com isso?
Público - 08.06.2016
Público - 08.06.2016
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