Sempre que escrevo um texto com conta, peso e medida, - pronto julgo eu, a ser posto em jogo por jornal generoso do leitor compreensível, e composto por trivelas e passes de letra, - saem-me sempre umas palavras que mal se posicionam, ouve-se logo o apito a anulá-las por fora de jogo. Eu bem as escolho com todo o critério, e até deito mão de olheiros especializados, comentadores e repórteres desportivos espalhados pelos dicionários, têvês e rádios, como se fossem campos e clubes de futebol, mas não recolho, sequer, onze a funcionarem como um órgão mozartiano e que nos façam ouvir até a flauta mágica, que combinadas façam uma boa composição, que explique o desastre que tento dar a conhecer ao público eufórico, do tipo, Maria vai com todos. Ou porque meto um verbo a mais, uma vírgula à defesa, uma interrogação muito tardia e que não dá resposta. O certo é que no final o resultado não agrada nem ao selecionador, nem à redacção para onde envio o conjunto obtido, e logo após terem feito o aquecimento recomendado, nas linhas laterais. Entre as palavras convocadas para fazerem parte do meu texto, não tenho nenhuma em especial, privilegiada, nem melhor do mundo. Todas são precisas e todas valem o que valem, e às vezes não se movimentam nem ocupam o lugar como eu esperava, e quando assim é, sai asneira e da grossa. As palavras chegam para estágio envoltas em pompa e circunstância, cheias de promessas e buzinadelas acaloradas, mas quando tudo começa a sério, elas tresmalham, e não vão além do empate suado, tocado pelo sofrimento. Não tenho mais nenhuma solução, nem no banco nem na algibeira. Substituí-las por outras palavras médias ou mais ofensivas, capazes de furarem as malhas adversárias e as cabeças duras de alguns dirigentes, só pode dar no mesmo. O melhor é teimar na aposta feita e dizer-lhes a frase mais célebre que nem Horácio se lembrou dizer - "Carpe diem" ou "vamos levantar a cabeça" e ir tomar banho antes que se constipem com a tempestade de mediocridade que se anuncia, está por aí a chegar.
Autores: Joaquim A. Moura - Penafiel
Efectivamente como afirma e muito bem no seu texto publicado hoje no Jornal Record. SOMOS OS MAIORES. Mas somos mesmos? Ou "A CULPA É DO RONALDO E COMPANHIA"?
ResponderEliminarUm abraço,
Mário Jesus
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ResponderEliminarDe tão boa cepa tudo que é escrito pelo artesão de pena fiel tudo dele se espera feito ao mais alto nível.
ResponderEliminarSó espero/esperamos que os artilheiros das quinas não fiquem amorfos frente aos magiares.