Dar palpites, cuspir para o ar, treinador de bancada,dizer
baboseiras, encher chouriços.
É na riqueza do dito popular, que se afere a riqueza de uma
língua, e o português é um jorro abundante que permite e inventa todas as
comunicações linguísticas.
Daí o português ser dado a falar demais (com tanta palavra à disposição para
misturar!),e muitas vezes por antecipação.
Vamos ilustrar com alguns exemplos de frases “feitas” sobre o Europeu de futebol
que está a decorrer na maior das harmonias entre os povos (exceptuando alguns
trogloditas russos que as autoridades francesas com toda aquela segurança, não
conseguiram identificar quando eles passaram as fronteiras).
Estas frases correspondem no momento à única matéria de
interesse nacional, que o diga o povaréu e os mais altos representantes do
Estado.
O nosso Slogan: “Não somos
11, somos onze milhões”. De quê? Jogadores? Adeptos? Crédulos? Amainados?
Fernando Santos: “Quero ganhar o Euro2016, e as pessoas
acreditam”. O Europeu de que modalidade? Futebol ou matraquilhos? Pode ser do
chinquilho? Que pessoas acreditam? a sua família,os amigos, ou a “classe”
pessoas em geral? Os indios mapuche acreditam? E os transmontanos desdentados,
acreditam?
Presidente da República sobre a vitória: “Não é uma questão de
esperança, eu tenho a certeza.” Assim sendo, se não for como diz, o que vai
dizer depois? Vai receber a seleção em Belém e tirar mais selfie com o Ronaldo,
que só nos “Europeus” e “mundiais”, e por Portugal, falha golos?
O Primeiro ministro na sua conta Twitter: “Acredito em Portugal e que
juntos vamos ser capazes de lutar pela conquista do Euro2016” O que é
que “acreditar em Portugal” tem a ver com o Euro2016? E juntos é quem? Ele e os
jogadores? Ele também é jogador?
A nossa língua é pois tão suculenta que por vezes
abusamos dela. Fazemos conjugações a mais, e dizêmo-las. Em todo o caso, das
expressões que foram nomeadas, prefiro “cuspir para o ar”, por ser a mais abrangente
e que autoriza muitas significações.
O meu slogan para o EURO é: “Gostava de
participar, mas não me deixam. Eu quero ser Europeu”
Continuamos a querer 'CHUVA NO NABAL E SOL NA EIRA'.
ResponderEliminar