Ontem
à tarde, era quase noite, à saída da Junta de Freguesia, no jardim
em frente, vi um taralhão.( também chamado pisco-de-asa- branca) Um
único taralhão. Foi o primeiro que vi este ano, e não devo ver
muitos mais... Quando era miúdo e morava no Zambujal de Sesimbra,
vinham aos milhões. Taralhões, felosas, rouxinóis, senteriças,
tutinegras, trinchais. Isto em Setembro! Porque em Agosto, já tinham
vindo os picanços e as rolas. Os últimos a chegarem, eram os
piscos-de- papo-amarelo, as arvelas e as pitinhas. Com fomiga-de-asa
nas ratoeiras, apanhámos dúzias deles. Com exceção dos
piscos-de-papo- amarelo, vinham todos gordinhos. As ultimas vezes que
fui armar aos pássaros, já não morava no Zambujal,mas sim na selva
de betão.Ia com o meu irmão Cristóvão para Alfarim. Abalávamos
bem cedo e nunca trazíamos menos de 30 ou 40. Já lá vão esses
mesmos anos!( Depois, não só pela escassez, deixámo-nos
disso...evoluímos) A partir de Dezembro, toda esta passarada de
arribação ia-se embora, ficando só os” residentes”: pardais,
cotovias (há anos que não vejo uma), felosas , cachapins, melros,
tintelhões, milheirinhas, pintassilgos( lindíssimos! Quem os
enxerga atualmente?) Agora, existem apenas meia dúzia destes
exemplares. Há espécies que não as vejo há anos. Trinchais,
senteriças, felosas, rouxinóis . Provavelmente nunca mais terei
esse prazer. Extinguiram-se! São os pesticidas e, sobretudo, as
alterações climáticas provocadas pela poluição e pela extinção
de florestas e matas. É a ganância e a estupidez do homem. Quando
desaparecerem todas estas espécies e tantas outras de maior porte,
continuamos nós, os predadores? Os humanos?
Francisco
Ramalho
Corroios,
13 de Setembro de 2016
A sociedade do consumo, para manter níveis competitivos, está a dar cabo de tudo que a Natureza emprestou de borla
ResponderEliminarao homem. E este tudo tem feito para não preservar o bem que lhe foi posto à disposição.