Medo de desiludir e perder a filha leva “piloto” a matar
Assim diz o JN de hoje!
Nada desculpa o crime cometido e tentar dar “decência” a um
homem que matou para esconder a sua verdadeira face é errado.
Mas infelizmente é mais frequente do que se possa pensar – o
viver de aparências, construir uma imagem que não condiz com quem somos, é próprio
do ser humano, quando frágil e com poucos valores morais.
O mundo sobrevaloriza
quem aparenta ter sucesso e discrimina quem o não tem. Daí que a tentação de
alimentar a imagem é grande e por vezes atinge proporções difíceis de controlar.
Este homem provavelmente teve uma vida boa, uma família boa,
mas por falta de competências não atingiu o estatuto que entendia merecer e
enveredou por uma vida dupla para satisfazer a sua materialidade.
Nem todos podem ser campeões. Temos é que ter consciência
que se não podemos ter dois carros podemos ficar só por um; se não pudermos ter
um, poderemos sempre usar uma bicicleta e na falta dela, também temos duas
pernas e dois braços. Só é preciso um pouco de maturidade para aceitar as
diferenças sociais e essa tomada de consciência só fará de nós pessoas mais
fortes e de bem com a vida.
Tanta gente tem, infelizmente duas faces, não ao ponto de
matar, claro, isso será no limite. Mas quando vivemos com o inimigo em nós
próprios, somos por vezes gentis e ordeiros fora de portas e autênticas bestas
dentro delas.
Quanta submissão, perante um patrão a quem odiamos e quanta crueldade
sobre uma família, que nos ama, vizinhos, ou sobre aqueles que entendemos mais frágeis,
porque falta personalidade, valores, acima de tudo amor-próprio.
Por isso é que a educação é tão importante e só através dela
se pode moldar a personalidade em desenvolvimento e controlar os maus instintos,
que deixados à solta acabam mais tarde ou mais cedo por levar à marginalidade.
Basta andar na rua, ver um pouco de TV para percebermos
como estamos em educação, em saber estar: vale tudo para chegar mais alto; vale
tudo para mostrar aos outros, o nosso “sucesso”.
Os pais delegaram na escola a educação dos filhos e o velho
ditado “casa de pais escola de filhos”, também já não é verdadeiro, porque os
valores da educação estão adulterados, porque se perdeu a autoridade, porque agora
são os filhos que mandam nos pais e alguns de bem pequenos.
O puxão de orelhas na escola dá processo disciplinar. Ser mal-educado
com um professor é normal.
Hoje educar é dar demais, tolerar demais, contrariar de
menos: impor limites, dizer não, nem pensar, porque traumatiza, porque inibe o
desenvolvimento… Balelas…
Houve tempos que o cinto do pai ficava bem à vista para quem
o desafiasse.
Trabalha-se muito para o sucesso, para a estética,
essencialmente para criar uma imagem ideal que convença os outros de que somos
nós próprios.
O jovem cresce com a competitividade que lhe é incutida desde
cedo (um sinal dos tempos), numa corda bamba e quando falha, porque não
se alicerçou por dentro, tudo irá ruir e o desnorte e a depressão (outro sinal
dos tempos) vão aparecer para rematar um caminho sobre areias movediças.
Uma profunda e consciente análise da sociedade actual, no caso específico da escola e da família, mas, como este tipo de análise não tem eco nos órgãos de comunicação, fica enclausurado num espaço onde só pontificam meia dúzia de amigos e seguidores. Mais uma vez parabéns, e que continue iluminada para ajudar a abrir os caminhos necessários a uma nova sociedade.
ResponderEliminarE melhor que uma análise que se quer consciente nada melhor que um comentário gratificante. Obrigada
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