Completam-se neste 19 de agosto, 80 anos do assassinato do grande poeta
granadino, autor do Romance Sonânbulo, poema que integra o livro
magnífico, Romanceiro Gitano, que tornou célebre o seu jovem autor, de
seu nome Federico del Corázon de Jesús Garcia Lorca. Intelectual incontornável
na literatura do século XX, criado numa Espanha de braço dado com o nazismo
hitleriano que lhe haveria de ser fatal, Garcia Lorca, assim conhecido,
contemporâneo e amigo do compositor Manuel de Falla, passou ao lado de um
percurso enquanto músico, que lhe adivinhamos de sucesso tal era o seu génio.
Mas foi a partir da sua Andaluzia Gitana, que o inspirou e aonde ganhou a sua
paixão pela poesia e pelo teatro, que o martírio tomou forma. Estudou direito e
filosofia, e isto não lhe valeu na hora do seu vil fuzilamento executado pelos
fascistas comandados pelo generalíssimo Franco. Assassinado cruelmente por
razões não esclarecidas de todo desde então, e por encontrar desde o combate
que travou, o poeta andaluz ainda resiste através da sua Obra e das suas canciones,
que lhe prestam merecida homenagem, e nos fazem reflectir sobre os fascismos de
hoje, bem latentes, mas que batem à porta envergando trajes fanáticos e até
religiosos, da cabeça aos pés, e outros que vestem fato e gravata envoltos no
fumo dos charutos que o capital esconde mas que também saca da bíblia na hora
de uma qualquer razão sem razão. Vítima das suas opções e da sua forma de vida,
Garcia Lorca, está presente sempre que um homem e um grupo de teatro quiser,
passados que são tantos anos quantos tem qualquer um de nós ou quantos tem um
avô qualquer nosso ainda vivo, e sem no entanto ter sido resgatado o seu
reclamado corpo. Cantemos pois, Verde para que quero verde, a esse
ilustre ícone na luta pelo direito à diferença e da liberdade de expressão, em
jeito de recordação e de gratidão pelo exemplo que ele nos deixou. Viva Garcia
Lorca!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.