Diz-se que uma imagem vale mais do que mil palavras.
Contudo, quantas adaptações cinematográficas, com milhões de imagens,
produzidas a peso de ouro, não valem sequer alguns parágrafos de grandes obras
literárias. Corre-se sempre o risco de retirar arbitrariamente uma parcela do
contexto e, às vezes, os resultados são funestos e enganosos. Vem isto a
propósito da fotografia publicada no Público, na novel rubrica “SEM
COMENTÁRIOS”, no passado sábado (22/10). Com o Coliseu romano e o Arco de
Constantino em fundo, podem ver-se umas centenas de muçulmanos em oração.
Imagem perfeitamente natural noutras paragens, só pode ter interesse editorial
pelo facto de se situar em Roma, a dois passos da Santa Sé. A meu ver, a imagem
pretende ser chocante, para não dizer provocatória, na linha de tantos vídeos
que disseminam a ideia da muçulmanização global e agitam os espantalhos do
costume. É infeliz em tempos de apelo à tolerância e à inteligência de que o
Papa tem sido, porventura, o campeão. Como agnóstico, sinto-me à vontade para
recomendar o exemplo de Francisco e evitar a provocação gratuita e perigosa.
Reconheço que a minha memória nunca foi muito fiável mas, leitor do Público desde
a sua fundação, não me lembro de o ver nestas “campanhas”.
P.S. – Só desejo que o “SEM COMENTÁRIOS” do domingo seguinte
não tenha vindo a confirmar os meus receios.
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