quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O donativo prometido

O donativo prometido

26 Out 2016 / 02:00 H.
    Agora que a floresta e as matas arrefeceram, porque os fogos foram dominados com a coragem das gentes da Ilha da Madeira, e as levadas estão de novo firmes e desimpedidas, que garantem retornar aos belos passeios verdejantes pelos trilhos da aventura em segurança, vem-nos à memória uma promessa feita nesses tempos de sofrimento, em que tudo parecia tornar-se um inferno, e as lágrimas escorriam nas faces das vítimas dos seus habitantes, por um dos homens mais ricos do Funchal, que até tem por lá um museu e uma estátua de bronze, que resistiu mais do que se fosse de cera. A promessa então feita constava de boa ajuda, capaz de diminuir a dor do povo da ilha, e repor algum material que se tenha degradado no infernal combate às chamas que ameaçaram destruir bens e beleza, não fosse a aguerrida luta dos homens da paz contra as chamas devoradores que por lá se alastravam, quase indomáveis. Tal homem ricaço, que ganha a vida numa outra luta, esta porém mais lúdica e composta de um menú de prazeres, que ganha a vida a dar pontapés numa bola, e a tirar vantagens cor de rosa sem queimar as mãos, chama-se Cristiano Ronaldo. A pergunta que apetece fazer, uma vez chegados aqui, é, se o mais famoso filho da terra, porque ali nascido numa natureza rude, mas que hoje percorre a Europa rica, e navega por mares de recreio, já se chegou à frente, e cumpriu a promessa feita e com quanto entrou, agora que ele anda afastado de fazer entrar com a bola nas balizas adversárias para seu desespero, e dos media que dele se alimentam? Talvez eu ande distraído e não tenha dado pelo cumprimento da promessa badalada, assim como não tenho dado pela marcação dos golos que costumam sair como o ketchup sai do frasco a seguir a uma crise criada por tantas falhas e desamores repentinos, logo que a tampa se solta, e o ketchup se perca, sem qualquer proveito das pessoas da Madeira e dos bombeiros, que esperam pela verba choruda para recuperar os bens perdidos, que foram reduzidos a cinzas - o que me preocupa. Estado em que se não quer vê-lo um dia a aparecer!
    (DN.madª)

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