É um assunto que me fascina e me preocupa, até "interesseiramente". Acho que quase toda gente pensa ter dentro de si, pelo menos numa réstea, uma dose de espiritualidade. Mas a agnósticos e ateus vinha-se sentir que o materialismo era quase tudo aquilo que os enformava, guardando-se a espiritualidade para os crentes religiosos.
Pois, como tantas vezes me sucede, o acaso (ou a procura?) veio ter comigo por duas vias, ambas idóneas, a saber: a Universidade Católica e Frei Bento Domingues. A primeira através duns magníficos cursos denominados "Mente às Sextas", coordenados pelo Professor António Jácome, do Instituto de Biomédica do polo do Porto. Num dos anteriores, no debate final, ainda não senti que ficasse claro que as Neurociências fossem valorizadas com base da espiritualidade. No deste ano a tranquilidade encheu-me quando ouvi o coordenador dizer que a dita espiritualidade assentava no funcionamento cerebral. Depois, e a conclusão é minha, ou "se ficava por aí" ou... alguns tinham fé e "subiam" para a religiosidade. Faço parte dos primeiros.
Hoje (19/3) no PÚBLICO o tem regressou pela "pena" de Frei Bento. E não se desvia muito daquilo que já referi. O que o dominicano diz, em resumo, é que "não se deve rezar com os gentios". Que "Deus não é o substituto do SNS, da Justiça da Escola, etc". mas refere também a "sabedoria espiritual" ou "espiritualidade dos insatisfeitos", sendo esta também propriedade de agnósticos e ateus. O tal "patamar de chegada" destes últimos, o qual é somente o "apeadeiro" que antecede a "estação" da crença religiosa par quem possui o dom.
Fernando Cardoso Rodrigues
Nota: este texto foi enviado ao "Cartas ao Director" do PÚBLICO em 20/3/2017 mas não mereceu publicação.
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