terça-feira, 20 de fevereiro de 2018


Da Encíclica Rerum Novarum-Leão XIII

“Os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, e a alteração das relações entre operários e patrões, a afluência da riqueza nas mãos de um pequeno número, ao lado da indigência da multidão, a opinião, enfim, mais avantajada que os operários formam de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto, sem falar na corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito... É necessário, com medidas prontas e eficazes, vir em auxílio dos homens das classes inferiores, atendendo a que eles estão, na sua maior parte, numa situação de infortúnio e de miséria imerecida. “(...)

“A usura voraz veio agravar ainda mais o mal... A tudo isto deve acrescentar-se o monopólio do trabalho e dos papéis de crédito que se tornam o quinhão dum pequeno número de ricos e de opulentos, que impõem assim um jugo quase servil à imensa multidão de proletários”.

E a seguir vem Pio X que deixa esta “benção apostólica”:

“A sociedade humana, tal como Deus a concebeu, é composta de elementos desiguais. Por consequência, é conforme à ordem estabelecida por Deus que haja na sociedade humana principes e súbditos, patrões e operários, ricos e pobres, sábios e ignorantes, nobres e plebeus”.

Tendo em conta os “anticorpos” que se vêm desenvolvendo à volta de Francisco, queira Deus que não lhe suceda uma aberração qualquer...


Amândio G. Martins



7 comentários:

  1. Eu poderia assinar por baixo do que diz mas o problema é que eu sou um não crente e o Amândio Martins é precisamente o contrário, o que nos leva a caminhos diferentes de análise do que acima disse. Que possa vir uma "aberração" (sic) após Francisco, isso não lhe tira a crença primordial e "tudo se desculpa", enquanto eu vejo a instituição Igreja existir no meu tempo e no meu espaço e portanto passível de crítica profunda naquilo que, como todas as instituições, representem o que representem, exercem na vida secular, entendendo esta não como "opositora" da religiosa mas sim como a vida de todos nós nesse tempo e nesse espaço comum a crentes e não crentes. Como posso entender uma instituição que anda neste "vai e vem" entre Leão XIII e Pio X? Entre João XXIII e o seguinte? E, agora, entre Francisco e uma eventual "aberração" ( a palavra não é minha)? O "Senhor me perdoe" mas até parece uma "alternância" premeditada! Parecida, e até "melhorada", com o descrito por Lampedusa e "cinematografado" por Visconti no "Leopardo": é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma. E, no caso da Igreja Católica, se "mudar de mais"... lá está a Cúria para o fazer retroceder às origens "convenientes". Dir-me-á: mas eu tenho fé e... pronto. Mas eu não tenho e... pronto na mesma.

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  2. Pio X "expeliu" aquilo no início do século XX; o século XXI já vai por aí fora e dá-me jeito pensar que, depois de Francisco, nada será como antes, até porque os fiéis também são muito mais exigentes.

    Quanto a crentes e não crentes, toda a gente é crente nalguma coisa, o senhor também e, sem se dar conta, às tantas dá por si a dizer coisas como: "fui sempre ateu, graças a Deus"...

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    1. Meu caro Amândio Martins,esperava qualquer reposta da sua parte, excepto que me dissesse, mais ou menos: O Fernando é que pensa que não tem fé mas vai descobrir que a tem quando disser "fui sempre ateu, graças a Deus"! Passe a"ironia", dá-me ""licença de não a ter?...

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  3. A Fé é ter esperança de algo de bom que possa vir acontecer. Logo, penso que todos temos FÉ em alguma coisa.

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    1. Na última resposta que dei ao Amândio Martins, já vai algo para si também, José Amaral. Discutamos mas não minimizemos o antagonista insinuando que ele ( no caso, eu), no fundo, no fundo, é dos "nossos". Termino dizendo-lhe que fé não é esperança ( aliás a doutrina católica não fale em três (três!) virtudes cardinais: fé, esperança e caridade?. Deixando de lado a discussão sobre a esperança, que pode ser lida não como um bem mas sim um mal (história da "caixa de Pandora"), direi que, se tomada no mais comum dos sentidos, tenho aquela mas... sem fé religiosa. Até porque, se tivesse esta, muito mal me ia dar comigo mesmo, quanto mais não fosse com uma noção que não reconheço a NENHUM ser humano vivo: a infalibilidade.
      Volte se quiser J.A.!

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  4. Ah, mas não precisa pedir licença; e louvo-lhe a paciência para aturar um fraco que não consegue viver sem a "muleta" da crença...

    E a propósito deste tema, ocorre-me uma entrevista que em tempos li, de Siza Vieira, um não crente; quando lhe perguntaram se tinha medo da morte, respondeu assim: "Bom, eu digo sempre que não tenho medo, que tudo acaba ali, nada mais existe para além; mas, se calhar, quando chegar a "horinha", vai ser uma vergonha"...

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    1. Ah, mas isso também eu posso dizer, mas medo ( e eu não o nego) não é fé! E, entretanto, Deus já terá lido a "Voz da Girafa" e, como ainda não riscou do seu mapa de "ameaças" o Inferno, lá estará Caronte para me ajudar a atravessar o Hades... Ou acha que se fosse o "utilitário" "católico não praticante" me safaria?... Talvez o José Amaral possa dizer algo sobre isto...

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