terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Lágrimas de crocodilo pela Síria


Tem-se assistido na comunicação social a um chorrilho de lágrimas pelos 500 civis mortos em Ghouta Oriental, perto de Damasco, bastião ainda tomado pelos rebeldes. As notícias colocam o presidente da Síria Bashar Al Assad e os seus aliados russos de mauzinhos, e os rebeldes que iniciaram uma guerra civil de bonzinhos e defensores dos direitos humanos. Todos nós já vimos este filma. Quem não se lembra da amizade dos EUA ao grupo de Ossama Bin Laden e da sua transformação em terrorista, depois dos atentados de 11 de Setembro em Nova Iorque?

Por isso a Rússia fez muito bem, em vetar a resolução da ONU, que previa a paragem das hostilidades  durante um mês. Três ou quatro dias são suficientes para evacuar os civis.

A política europeia esquece-se de que as intervenções militares no Iraque e na Líbia, foram um autêntico desastre e que se tornaram muito mais gravosas em termos de violência do que aquela atribuída aos ditadores que foram depostos, Hussein e Gaddafi. E com essas intervenções os ventos da democracia e dos direitos humanos, não chegaram lá, nem chegarão tão cedo. A mentalidade do mundo árabe de hoje, salvo pequenas exceções, corresponde  ao tempo das cruzadas da Idade Média da Europa.

As cenas dos refugiados, seja na Turquia, na Grécia, na Alemanha ou no fundo do Mediterrâneo, fomos nós (EUA e Europa), agora cruzados da democracia que os empurrámos para aqui, para nos fazerem a vida infernal, sem paz nem segurança. Que o digam as médicas e médicos dos Centro de Saúde da Alemanha, em que as consultas agora são feitas sob vigilância policial, uma situação nunca dantes imaginada.

Por isso é preciso desmascarar esta hipocrisia sobre os mortos na guerra da Síria ( desde o início do conflito 500 000 mortos), porque o que está em causa é a ganância e a sede de poder pelas matérias primas do mundo ocidental,  o que está em causa é o petróleo da Síria, cuja exploração é feita pelo Estado.



Angélica de Carvalho

Chaves, Fevereiro  de 2018

2 comentários:

  1. Então,vai daí e toca a continuar a guerra e a matança, pois querer pará-la é, primordialmente, um crocodilo a chorar!...

    ResponderEliminar
  2. Por lapso ( que o seu texto poderá ter justificado) não lhe dei as boas vindas ao blogue!

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.